quinta-feira, outubro 28, 2010
DaltonQuando eu era pequena, eu tinha a Enciclopédia LIFE. Em toda casa tinha que ter alguma enciclopédia (o Google da época) e na minha era a Life. Eu adorava. Lia os livros por pura diversão. Eu era muito, mas muito nerd. Um dia minha mãe se desfez da coleção (não me perguntem por que). Só pude ficar com um livro de lembrança. Escolhi o do deserto, porque tem a foto de uma raposa que é a cara da Sassá. Está até hoje aqui em casa. Nessa enciclopédia tinha um volume, não lembro qual, que falava sobre anomalias genéticas, tipo albinismo, anões, essas coisas, e tinha lá falando de daltonismo. Tinha a foto de um teste clássico de uma figura com várias bolotinhas com um 8 ao fundo que os daltônicos não veem. Registrei que um daltônico era coisa muito rara, tipo 1 em n, sei lá, zilhões. É um negócio que quase não existe, que nem cabeça de bacalhau e acreanos. Só que estávamos lá na sala outro dia trabalhando e sabe-se lá por que o nosso designer (sim, aquele cara que trabalha com cores) deixou escapar que era daltônico. Espanto geral. Como um designer pode ser daltônico? Aí ele começou a explicar que ele tinha um grau XYZ de daltonismo, patati patatá, e de repente, timidamente, o estagiário lá da sala disse baixinho: "Eu também sou daltônico". QUÊEEE? Estava instaurado o momento lúdico da tarde. Pegávamos um a um os objetos da sala que tinha as cores verde e vermelha e perguntávamos: "que cor é essa? que cor é essa?" e ríamos horrores das respostas. Fizemos uns testes de internet com eles. Pode ser o momento milho também, já que foi uma zona generalizada naquele momento. O designer achava tudo normal, o estagiário no fim não queria mais responder, com vergonha. Ah. Que que tem? Eles só não vão nunca poder ser, assim, pilotos de caça. O que, convenhamos, eles já não seriam mesmo. Pior foi no dia seguinte. A gente contando o assunto pra colega que estava de férias, um dos outros estagiários, que também não estava na sala na hora diz: "Mas eu também sou daltônico". Tádisacanági? Gente, como numa sala com 15 pessoas tem TRÊS daltônicos? Não pode. É muito cromossomo alterado. Deve ser alguma coisa na água, metais pesados, drogas. Eu conheço quem usa drogas. O mais legal é um deles trabalhar com design. Freud explica. "Sou daltônico? Dane-se, vou fazer programação visual". Mas eu acho que eles exploram pouco essa condição. Se fosse eu, qualquer coisa que me chamassem atenção eu ia dizer: "Você está falando isso SÓ PORQUE EU SOU DALTÔNICA!". "Fernanda, acho que você deve corrigir esse texto aqui". "VOCÊ ESTÁ DISCRIMINANDO O QUE EU ESCREVI PORQUE SOU DALTÔNICA, É ISSO???" (grito acompanhado de olhos vermelhos/verdes injetados do mal). Ia ser tudo muito mais animado. Mas não dá, até porque mulher raramente tem isso. Isso normalmente. Porque do jeito que vai, a próxima estagiária já vai vir selecionada com esse critério do RH.
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sábado, outubro 16, 2010
BlahQueria tanto ter inspiração pra escrever alguma coisa... qualquer coisa. Mas estou aqui há mais ou menos meia hora e nada. Daqui a pouco é hora de ir pra festinha de novo. Aliás, o dia acabou e eu não fiz porcaria nenhuma. Só pintei as unhas de roxo, andei com Tuttinha no Aterro e comprei todo o Hortifruti. Gente, eu comprei todo o Hortifruti. Trouxe abacaxi, melancia, tangerina, maçã, pêssego, pera, tomate cereja, cenoura ralada. Tudo pra consumo próprio, ninguém vai me ajudar, vou comer sozinha sozinha. É pra celebrar a vida, porque ontem quase me matei me jogando na frente de um 464 porque era esse o ônibus em que Kátia Lisa estava indo pra Lapa. Acho muito estranho esse negócio dos ônibus não poderem mais chegarem até lá e eu ter que descer no Passeio, por isso, queria companhia. Mas apesar de quase ter morrido atropelada, não deu tempo e eu tive que encontrar Kátia no ponto. De qualquer forma, TODO o ônibus desceu no Passeio pra ir até a Lapa, então eu teria muita companhia anyway. Aliás, essa é uma coisa boa de morar na Zona Sul: não precisar de táxi pra ir pra night. Lá pela uma da manhã, o bar onde eu estava FECHOU (como um bar na Lapa fecha uma da manhã?) e Kátia quis ir encontrar um amigo que estava nas "escadarias". No caminho pra lá, umas ladeiras de paralelepípedo, por 3 segundos eu achei que tinha ali um clima do Bairro Alto, em Lisboa. Não tem, pelo simples fato de que Portugal é um país com muito, mas muito menos pessoas, então você consegue andar nas ruas do Bairro Alto. Ali de repente virou multidão, uma gente esquisita se aglomerando. Entrei em pânico, só tinha tomado uma cerveja porque a porra do bar fechou uma da manhã. Olhei pra Kátia e disse: "Como eu faço pra sair daqui?" e desci a ladeira abrindo caminho pela multidão até encontrar um lindo cavalheiro de armadura dirigindo um carro brilhante amarelo com um listra toda trabalhada no azul que me levou em segurança pra casa, onde eu deitei no sofá com Tutti pra pensar um pouquinho em tudo o que (não) rolou na minha noite e dormi até as 4 da manhã. Era isso que eu tinha pra dizer hoje.
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