Sus(r)to odontológico
Tarde modorrenta. Momento raro de silêncio no ambiente de trabalho, do qual eu desfrutava concentradíssima na revisão de um texto. De repente, uma voz retumba atrás de mim:
- Fernanda, me empresta a sua escova de dentes?
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Miniparalisia cerebral. Continuo olhando fixamente para a tela do computador, sem conseguir mover um músculo do corpo. A pessoa que estava fazendo o pedido é muito próxima, tipo uma das minhas melhores amigas, pessoa que tem livre trânsito na minha casa, sabe quase tudo da minha vida... intimidade total. MAS NÃO PRA PEDIR A ESCOVA DE DENTES. Em uma fração de segundos, muitas coisas passam pela minha cabeça. O que responder? Como dizer delicadamente para Audrey Sustentável que, tipo, não vai rolar, sem magoar os sentimentos desse ser de bom coração? Porque escova de dentes, gente, vocês sabem, é igual escova de dentes: não se empresta. E enquanto eu pensava tudo isso ela diz:
- Escova de dentes, não! Falei errado! Me empresta a sua pasta de dente.
Véi... por que as pessoas fazem isso? Não sabem que num momento como esse todos os dentes poderiam saltar da minha boca e sair correndo de nervoso?