Niagara falls
Carnaval. Um calor dos infernos. Perdoem-me a redundância ao dizer "carnaval' e "calor dos infernos" no Rio de Janeiro. Aliás, "Rio de Janeiro" e "calor dos infernos" já são duas palavras relacionadas. O inverno aqui cai numa quinta. E no dia seguinte está calor de novo.
Mas enfim. Era Carnaval e, já que estava calor, no Rio de Janeiro, pede o quê? Pede sair pra comer até explodir, claro. Porque qualquer desculpa é desculpa pra sair pra comer, e não pra ir pra praia, como vocês pensaram, não sei por quê. No caso, era aniversário de um amigo e o programa foi tomar café em um lugar no Jardim Botânico onde você fica muitos reais mais pobre e come até morrer. Saímos de lá rolando (e felizes, mas com calor) e fomos passear no Jardim Botânico, onde também estava quente. De repente, Audrey Sustentável olha para o infinito e diz:
- Hoje estava um dia ótimo para ir à cachoeira.
Hein? Cachoeira? Quê? Um lugar paradisíaco, com cascatas abundantes de água prateada correndo? Com pedras para você secar ao sol? Com duendes saltitando e explodindo em mil nuvens com as cores do arco-íris?
- Onde é essa cachoeira, Audrey?
- Nas Paineiras! Querem ir?
Claro! Tudo por um banho bucólico gelado. Passamos em casa, trocamos de roupa e fomos. Subimos, subimos, subiiiimos a Floresta da Tijuca de carro. Após determinado ponto, Audrey nos avisa que teríamos que andar, porque a estrada fica fechada para carros naquela hora. Tudo bem! O que é uma caminhadinha de nada para entrar em contato com a natureza? Andamos. Andamos. Andamos. Meia hora depois, tomei coragem e perguntei:
- Audrey, você tem certeza de que é por aqui?
E então, para meu PÂNICO, Audrey faz uma cara confusa e olha pra seu marido Poker Face King, em busca de uma resposta. Poker Face King, por sua vez... fez Poker Face. ELES NÃO TINHAM CERTEZA! Meodeos! Continuamos andando, andando, andaaaando. A cada curva, eu pensava: "é depois dessa curva que verei a queda d´agua e tudo valerá a pena", mas aí vinha o fim da curva e aparecia... outra curva.
Em determinado momento, passamos por um cano na parede, de onde jorrava água. Eu, para brincar, quebrar assim um pouco o clima de tensão, promover a integração motivacional, disse:
- Ha ha, olha aí, ó, a nossa cachoeira.
Ao que Audrey timidamente responde:
- Essa é a primeira delas.
QUÊ???
- Peraí, Audrey... a cachoeira é esse... CANO?
Audrey tensa, com medo de ouvir "dracaris" e ser desintegrada:
- É... mas tem uma outra melhor.
A outra melhor tratava-se de um cano um pouco mais no meio do mato. Até siris de água doce Audrey prometeu pra gente (tinha umas baratinhas no chão, acho que era isso). #Chateada
Então já sabem... coloquem uns vasos de violetas no banheiro, desatarrachem o chuveiro e voilá, sua própria cachoeira. Chamando a Xuxa rola até os duendes. Ou com um pouquinho de vodca.