Perdidos no Ballroom
Ah, os anos 80... Podem até não ter sido os mais ricos culturamente, mas foram os anos da nossa infância/adolescência. É nisso que a banda
Perdidos na Selva aposta. Porque, no fundo, a gente morre de orgulho de saber a letra de
Eu não matei Joana D’arc ou
Serão Extra, musiquinhas desimportantes, que só quem estava lá mesmo, vivendo naquela época, decorou. O show de ontem, no Ballroom, foi uma grata surpresa. Há algumas semanas, fui até lá com a maior expectativa do mundo ver o Absyntho (na verdade, o Silvinho Blau Blau e banda), que tinha a mesma proposta: resgatar os sucessos da década. Foi uma frustração só, ouvimos músicas batidas, como
Menina Veneno e
Bete Balanço, e o show acabou ficando muito cansativo. Apesar de incluir estas músicas em seu repertório, a Perdidos na Selva não comete esse erro, porque acerta na medida tocando canções como
Camila,
Timidez e
Proteção, que há um tempão a gente não ouvia. Chega a emocionar. Para homenagear o Supla, em vez de
Garota de Berlim,
Humanos. E por aí vai. Lá pelas tantas, a participação especial do Avelar (ex-João Penca do Miquinhos Amestrados) fez todo mundo voltar no tempo, principalmente o próprio, que, aliás, está uma maravilha, mais velho e bombado. O show termina com o que todos mais amamos: relembrar a nossa infância, com
Superfantástico e
Lindo Balão Azul. A única ressalva é que os integrantes podiam estar mais caracterizados de acordo com a época. Tínhamos bandanas, roupas verdes fosforescentes, blush rosa carregado... Especialmente a Maila, única menina da banda, teria tantas opções que é um crime usar um vestidinho preto.
Pra quem quiser conhecer, no site da banda tem MP3 do grupo. Lá também vemos que o repertório deles inclui
Noite de Prazer (Brylho). Ainda bem que dessa vez não tocaram.
O show foi bastante legal, mas chego à conclusão de que realmente estou ficando velha. Está difícil achar graça nas pessoas esbarrando em mim a toda hora; nas barangas loucas, dançarinas kickboxers; nos caras que bebem demais, jogam latas de cerveja no meio da pista aos meus pés, gritando impropérios e incomodando todo mundo... no final do show, estava um pouco irritada e fui dançar num lugar vazio. Acho que sou mesmo o grinch das aglomerações.