"Desgraçado. Só me trata bem quando tem algum interesse. Só puxa assunto, me dá atenção quando, em seguida, vai me chamar para sair. Se já tem algum programa, me ignora, responde laconicamente as minhas mensagens, não faz questão de estar perto. E eu aqui, pensando nele, apaixonada, cheia de dúvidas.
Foi durante o banho que me veio à cabeça tudo o que eu deveria fazer. Seria o fim de caso mais inspirado de todos os tempos, era certo. As palavras que eu diria a ele escorriam pelo meu cérebro como a água pelo meu corpo. Corri de toalha mesmo para anotar tudo. Onde estão papel e caneta quando precisamos deles? Perto do telefone, que, aliás, estava tocando.
- Alô?
- Ana? É o André.
As palavras que eu ia escrever e, depois, dizer, sumiram, como que neutralizadas por aquela voz que dispensava a apresentação, pois eu a teria reconhecido com a rotação alterada, no meio de uma boate com o som aos berros. Tanto a dizer... e eu só pude pronunciar uma frase: 'Sim, André, eu posso sair com você esta noite' "