Foi por medo de avião...
Ela pensava no filho que havia deixado com a babá, em Vitória, para poder fazer o curso em São Paulo. Claro que sentia uma certa preocupação, pois é sozinha na cidade, a família e o namorado, pai da criança, moram em Belo Horizonte. "Será que ela vai levar meu filho direto para a creche? Será que não vai parar pelo caminho?" Perdida nesses pensamentos, teve um sobressalto quando o avião, de repente, perdeu altitude. As máscaras de oxigênio caíram. Ela olhou para os lados meio sem acreditar, para saber se realmente devia colocá-las. As pessoas estavam colocando. Enquanto tentava entender-se com o elástico da máscara, imaginou se iria ver o filho novamente. Ela que, minutos antes, perguntava-se se ele ia chegar bem na creche, agora não sabia se ela mesma iria chegar em casa. Lamentou que o filho não a conheceria, que não teria tempo de passar para ele seus valores. Teve pânico de que as pessoas demorassem a saber o que aconteceu com ela e esquecessem o bebê, de 6 meses.
A história me foi contada pela própria moça, no intervalo do curso, em São Paulo. Foi só um susto. Na volta, não pude deixar de lembrar disso. Ninguém merece passar por um susto desses. Eu andei poucas vezes de avião, e, nessas poucas vezes, senti quase nenhum medo. Mas, dessa vez, tive uma consciência brutal de que, se algo acontecesse lá em cima, algo sério, não haveria nenhuma chance. Geralmente você consegue lutar pela sua vida. Dentro de um avião, não.
Na ida, quando o avião deu uma baixada de altitude numa certa hora, eu olhei discretamente para os lados para ver se as pessoas estavam com as caras normais. Se as máscaras caíssem, eu morria mesmo de pavor.
E o serviço de bordo, hein? Na ida foi ruim, já na volta... foi tosco! Tiveram a cara de pau de servir salgadinho TORCIDA. E de 40g!