O soro
- Fernanda, você ainda usa isso?
Olhei para o meu pai com cara de Pinky, buscando nos recônditos da minha mente onde e quando eu tinha visto aquele objeto que ele tinha nas mãos. Era um frasco de soro, daqueles de hospital, com um terço ainda do conteúdo. Fiquei toda arrepiada só de pensar em usar aquilo nas minhas lindas lentes de contato, aquele líquido que sei lá há quanto tempo estava na geladeira.
- Não! Joga fora!
Livre-se disso rápido!
Meu pai afasta-se resmungando:
- Sua mãe disse que você usava... isso foi ficando na geladeira ... a gente foi se acostumando com ele... todos os dias olhamos para isso, conformados... damos bom dia, fazemos carinho na cabeça, perguntamos como vai.... E, de repente... descobrimos que aquilo não serve para nada!
Como em alguns casamentos.