Minha consulta com a homeopata
Quem nunca foi a um homeopata deveria ir só pela experiência. Não tem nada a ver com uma consulta médica comum. No começo, tudo parecia normal, porque ela perguntou, como qualquer médico, o que tinha me levado ao consultório dela. Mas aí a coisa tomou um rumo tal que de repente me vi respondendo a questões como: “Com o que você se preocupa? Do que você tem mais medo? E os seus sonhos? E a sua infância? Como você se relaciona com as pessoas?”. Como assim? Saí de lá me sentindo uma pessoa horrível, aquela mulher sabia todos os meus podres. Anotou tudo numa folha de papel A4 e me passou um pozinho lá. Dose única. Dizem que, com essa única dose, eu não fico doente por, pelo menos, um mês. Será? Estou pagando pra ver.
Eu tenho alguns bons motivos para acreditar em homeopatia. Além de vários relatos de conhecidos que se curaram de coisas como crises alérgicas (meu caso), tem a história de um amigo meu que é incrível. Eu o conheci no segundo grau. Estudei um ano com ele. Ele era careca, mas não por calvície. Tinha algum tipo de distúrbio que não deixava os pêlos crescerem, então, não tinha cabelo, nem sobrancelha, nada. Depois que o ano acabou, eu mudei de colégio e passei seis meses sem vê-lo. Fui encontrá-lo por acaso num show. Quase não o reconheci. Estava cheio de cabelo, com sobrancelha, tudo. Tinha se tratado com homeopatia. Alguns anos depois, ele foi morar no Japão e acabou parando o tratamento. Quando voltou, o cabelo tinha caído. Como se fosse uma espécie de maldição.
Vamos ver se funciona comigo.
Só não gostei de uma parte: ela disse que vai pedir exame de sangue, fezes e urina. Ah, não. Levar agulhada e fazer cocô no potinho? Isso não era coisa de alopata, medicina interventiva?