Momento Pinky
Todo mundo tem o seu dia de Pinky. Eu e minha irmã tivemos o nosso muitos anos atrás, talvez há mais de 10 anos. Ainda adolescentes, não tínhamos o próprio dinheiro. Nossos pais nunca nos deram mesada. Eles tinham medo de que a gente se tornasse Aline e Fernanda R., 13 anos, drogadas e prostituídas, após comprar nocivos tóxicos com o dinheiro da mesada.
Bem, continuando, só tínhamos o dinheiro que nossos pais nos davam aos poquinhos. Estávamos então em Saquarema e minha primas inventaram de ir até o centro da cidade. Minha mãe nos deu grana para tomar um sorvete e disse:
- Comprem também um copo de água mineral.
Na época, ela fazia um tratamento de pele e usava água mineral para fazer os preparados mágicos que tinha que passar toda noite.
Fomos alegremente até a cidade, tomamos nossos sorvetes, compramos o copo d'água... então, minhas primas tiveram uma idéia genial: voltar a pé pra casa. Como não conhecíamos bem a área, embarcamos na idéia.
Estava um sol de rachar, pico do verão na Região dos Lagos. E a casa era muito longe do Centro. Acho que nunca, em toda a minha vida, eu senti mais sede do que naquele dia. Não havia lugar e nem dinheiro para comprar outra água, e eu e minha irmã ficávamos olhando vidradas para o copo que estava em nossa mão. De vez em quando, o encostávamos no rosto para refrescar. Deus sabe como a água chegou incólume até a minha mãe. Ofegantes, nós dissemos, vitoriosas:
- Ó, mãe, tá aqui a sua água.
- Mas, filhas... Vocês não beberam?
Anh.... Como assim?
- Eu mandei vocês comprarem um copo d'água para vocês tomarem no meio do caminho se sentissem sede.
- Nãaaaaao!!!
O copo deve estar lá até hoje na geladeira da minha tia. Ninguém teve coragem de tocá-lo.