Cronicar e blogar
Aproveitando a semana em que o genial Carlos Drummond de Andrade completaria 100 anos (ele nasceu em 31 de outubro de 1902), transcrevo um trecho de uma das suas crônicas:
Os escritores se queixam de que não podem, não conseguem escrever. A vida cotidiana furta-lhes a concentração e, quando se concentram, o doloroso ofício das palavras expõe-lhes todo o arsenal de cilícios. O escritor desejaria escrever em horas insólitas, em um tempo fora do tempo, e nas horas (...) possíveis quer fugir a essa obrigação.
Dezenas de anos depois, eu me sinto como o mestre, mesmo que a comparação possa parecer um tanto ousada: quando estou no trabalho, na rua, os posts me vêm à cabeça, fico nervosa, agoniada, querendo logo sentar e escrevê-los. Quando estou em casa, em frente ao computador, tudo desaparece e só me vem a preguiça.
Ainda assim, quanto mais a gente escreve, mais quer escrever.