Cunhado sem loção
Outro dia, na praia, apareceu um vendedor de um produto bizarro: sândalo. Sândalo! O negócio vinha embalado em redinhas, como aquelas de laranja, e tinha a aparência de um monte de palha cheirosa. Eu fiquei meio abobada porque nunca tinha visto sândalo. Ainda mais na praia.
Meu cunhado chamou o cara. Ele deve ter ficado exultante - há semanas ele devia estar perambilando por ali sem que ninguém lhe desse atenção.
O negócio tinha um cheiro fortíssimo. O homem pôs-se a explicar as magníficas propriedades do sândalo.
- Pode colocar no armário, para perfumar as roupas, ou o ambiente bla bla bla...
Meu cunhado disse:
- Quero dois.
Nessa hora, o cara deve ter sentido uma emoção quase insuportável: uma venda!
Minha mãe, lá no seu canto, comentou, meio que para si mesma:
- O cheiro é muito forte.
E o vendedor, temendo a perda da venda, diz:
- Mas isso é porque tem muitos aqui. Quando é um só, o cheiro fica mais fraco.
Ao que meu cunhado intervém:
- Anh? Peraí... quer dizer que o cheiro não é esse, fica mais fraco?
- É!
- Então não quero mais!
Não! O homem fez uma cara de uma desolação tão absoluta, que eu disse:
- Não, João, não faz isso! Compra do cara!
Pelo amor de Deus!
Então meu cunhado deu um sorrisinho sacana.
- he he he
Joselito.
Mas pelo menos ele arrematou os sândalos.