Aventura
Chove. Chove torrencialmente no Rio de Janeiro. Eu ligo para a
Ana Paula, preocupada, porque ela ia ao ensaio do Monobloco na Fundição Progresso. Ela conta que acabou não entrando, porque acabou a luz. Geral, breu na Lapa. No momento, ela estava na Praça da Bandeira, onde, milagrosamente, não chovia e nem estava alagado. Ela pergunta:
- Onde você está?
Eu: - Leblon...
Justo o lugar onde estava caindo o mundo.
- Anh... mas você está num lugar seguro, né?
- ... estou no carro voltando para casa.
Leia-se: não, não estou segura.
Mas havia um fator: eu estava dentro de um carro alto... muito alto... o trambolhinho estradeiro da minha irmã.
Em um determinado ponto do caminho, ainda no Leblon, vários carros parados. Não dava pra passar, tudo alagado. Alguns carros maiores passaram, e, então, Cunhado sem Loção dispara:
- Eles são grandes e estão passando. São grandes, mas são menores do que eu. Vamos testar o carro?
Resumo da ópera: nós lá, naquele rio (sem exagero, canal transbordado) onde só passava quem louco fez xixi na cabeça, o barulho ensudercedor das 4 rodas trabalhando enlouquecidamente e dois ou três carros passando ao nosso lado... boiando, abandonados, com água pela janela. E nós lá... fora o medo de parar no meio daquele aguaceiro e virar personagem em potencial do RJTV, o que por si só não seria nada agradável, ainda havia o mico que pagaríamos se atolássemos ali com o mega trambolhinho que deveria enfrentar até tempestade de neve.
Tudo está bem quando acaba bem. Pentel e Cunhado sem Loça me deixaram em casa. Fico devendo a eles. E ao trambolhinho, que passou no teste com louvor.
A gente sai do subúrbio, vai pro lugar de gente que a vida trata bem e acaba passando por isso. Assim não pode, assim não dá.