Solidário de verdade
Zeca Pagodinho foi doar dinheiro para o hospital. Encontramos o cara parado no corredor da Direção, de bermuda, chinelo, perguntando como poderia fazer para dar uma quantia. Não avisou que ia. Não levou TV, rádio, jornal, não exigiu um aparato em torno dele, nem visitar as enfermarias e tirar fotos com as criancinhas. Nada. Apenas queria ajudar. O sujeito é uma figura. Enquanto esperava por alguém que ia pegar o papel do recibo dele (qualquer quantia que se doa, tem recibo), ele resmungava:
- Olha só, tive que trazer a grana nessa bolsinha aqui de viado - mostrando uma bolsa de veludo, dessas de guardar jóia - Eu não queria trazer isso, minha mulher que me obrigou.
Dentro da tal bolsinha, 10 mil reais.
Thyrso (sempre ele) aproveitou a ocasião para tentar aliciá-lo para outro aspecto da causa.
- Nós temos um projeto que leva músicos para tocar nas enfermarias dos doentes terminais... se você fosse lá um dia tocar, seria muito interessante para divulgar e atrair patrocínio.
Ao que ele prontamente protesta:
- Eu, hein! Eu não! Odeio ver gente doente, odeio essas coisas!
Figura extrema. Dos poucos que deram dinheiro pra lá sem espalhar pra todo mundo.