Tá todo mundo louco, oba!
Trabalhar no andar da psiquiatria de um hospital de câncer é dose pra mamute. Pensem numa pessoa com câncer. Agora pensem numa pessoa com câncer E com problemas mentais. Derrota total. Até hoje, essa localização geográfica da minha sala não havia rendido nada. Os louquinhos estavam lá, sentadinhos, controlados, esperando a consulta enquanto eu passava, e pronto. Mas hoje não... estava eu me dirigindo para um dia super-excitante de trabalho, quando, ao passar pela Psiquiatria, um sujeito pergunta:
- É difícil conseguir uma bolsa igual a sua?
Como assim, Piral, quer dizer, como assim, Bial? Não, é só ir na loja comprar. Quer dizer, pra mim foi difícil porque, pra comprá-la, eu tenho que trabalhar de 9 às 18h, no andar da psiquiatria de um hospital de câncer cheio de loucos disfarçados de gente normal, muito piores que você. Aliás, lotado de gente chata, também, o que é mais horrendo que todos os loucos do mundo juntos.
Bah. Limitei-me a continuar andando. O que se pode esperar da evolução do tratamento de uma pessoa num setor cuja chefe há muito se contaminou com a maluquice e fica cantando ópera pelos corredores?