Memórias de Papai Joselito
Quando eu tinha uns 10 anos, lançaram o meu sonho de consumo. O Snifão. Para a galera de menos de 20 anos, explica-se: era um cachorro de pano, e-lor-me. Cobicei aquilo durante todo um ano e no Natal (estou tão natalina hoje) eu SABIA que ia ganhar um. Era a única coisa que eu queria.
No Natal, pois, chega o grande momentum da entrega de presentes. A nossa festa, na minha infância, era feita com a família toda reunida, tios, primos... Estavam lá todas as caixas juntas, em volta da árvore, e eu já tinha fuçado e descoberto uma que era a do Snifão. Era típica pelo formato e tamanho.
Só havia uma caixa. Só uma pessoa iria ganhar o Snifão. E essa pessoa era eu.
Só que aí... de repente, não mais que de repente... minha tia saca a tal caixa e entrega para a MINHA PRIMA. Não! Não havia outro. Era impossível, mas eu ia ficar sem o meu cão...
Já estava quase calculando quantos dólares eu iria gastar em análise dali a 10 anos, quando meu pai aparece, todo sorridente, puxando uma guia com uma coleira. Na coleira, o snifão. O meu, que estava escondido em algum lugar da casa.
Jooooo...
Somente no ano passado, 16 anos depois, minha mãe me contou que, naquele ano, rolou um efeito turboman com o Snifão e o troço sumiu das prateleiras. Meus pais foram ouviram falar que tinha um em Nova Iguaçu, e perderam a formatura da afilhada por terem ido esbaforidos lá pegar antes que acabasse.
Ou seja, quase que REALMENTE eu viro uma maníaca depressiva para sempre pelo trauma.