Veneno
O Rei Momo e a Rainha do Carnaval 2003 foram doar sangue hoje lá no Hospital. Para fazer um barulho na imprensa e incentivar as pessoas a fazerem o mesmo (doações, não barulho, até porque no Hospital não pode barulho). Foram alguns dias de negociações com a RioTur para conseguirmos levá-los até lá. Então, chegado o grande dia, eis que Thyrso choca-se com um obstáculo quase intransponível, uma fortaleza inexpugnável... a funcionária pública. A velhinha estava lá, sentada no seu posto, obviamente, sem querer ser importunada por ninguém que lhe desse trabalho de qualquer espécie. Ao olhar a trupe, ela já reagiu:
- Ihhhh, vocês chegaram muito cedo... ainda não tem ninguém aqui.
Thyrso contemporiza:
- Ah, sim... bom... mas enquanto isso, vamos preencher a fichinha de doação, então...
- Ihhhhhhhh, mas a recepcionista que faz isso não veio hoje.
Thyso sorri amarelo.
- Anh... e quando ela não vem, quem preenche a ficha?
A velhinha, com um muxoxo.
- Eu.
...
- Carteira de identidade, por favor.
Sua Majestade o Momo, que nao deve ser assim muito esperto, não levou documento.
- Ihhhhhhhhhhhhhhhhhhhh, não vai poder doar, não.
Thyrso sua frio. Imprensa convidada, o circo todo armado... e o cara não vai poder doar por causa do documento?
- Ah, mas deixa ele doar assim mesmo, depois a gente pega do documento dele com a RioTur (
RioTur, entendeu? Ele é importante).
- Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh, não, eu só cumpro ordens, sem documento, sem doação.
Ai, meus sais. Thyrso consegue a proeza finalmente depois de falar com o chefe máximo da Hemoterapia, que chegou dizendo "ele doa sim". Então tá.
Mais tarde, ele conta essa história na sala. Arremata dizendo que o tal chefe salvador lamenta a presença da funcionária indolente, mas não pode despedi-la porque ela é funcionária pública.
LuIcia dispara:
- Então, dá um veneno para ela.
!!!
- Veneno?
- É, não pode demitir, dá um veneno.
Ah, bom.