Papai Joselito e o wafer de nozes
Longa viagem de volta de New Iguaçu, onde fica o nababesco consultório do meu oftamologista. Olho para o chão e vejo umas bolsas de supermercado. Papai sempre vai às compras enquanto espero três horas e meia para ser atendida. Ele nunca compra nada de bom, mas a esperança...
- Papai, o que você comprou? Tem alguma coisa boa?
Ele pensa com carinho, porque Papai é uma pessoa muito generosa.
- Tem... tem palmito...
Palmito...
Eu pondero:
- Bom, ao menos palmito é zero ponto...
Mas palmito não anima muito, ainda mais dentro do carro. O ideal seria um docinho, um biscoitinho, algo mais proibido. Mamãe reclama:
- Ah, não... palmito não... queria alguma coisa gostosa...
E Papai:
- Serve biscoito wafer?
Levanto as orelhas.
- Wafer?
E ele completa:
- De nozes. Serve?
- De nozes?!
Eu e Mamãe, como duas boas pessoas de espírito gordo, começamos a reclamar que aquilo engorda, que íamos sair da dieta, mas já pensando no biscoito e resolutas em devorar a guloseima em poucos segundos. Mas Papai avisa:
- Não tem, não. Pensei em comprar, mas não comprei.
Joooooo......
O pior de tudo é que, só horas depois, depois que eu já tinha até postado isso... ele remexeu nas bolsas e gritou para a minha mãe:
- Trouxe torradas!
Protestei:
- Pô, pai! Tinha torradas dentro do carro, a gente morrendo de vontade de comer alguma coisa, e você nem falou?
E ele:
- Tinha torradas e isso aqui, ó.
O wafer de nozes.