Repostar é viver
Ele sugeriu que eu repetisse esse post e eu aceitei, até porque, ao resgatá-lo nos arquivos, ri muito relendo. É enorme, mas vale a pena ler ou reler.
Espero voltar de Ibitipoca com algumas histórias assim...
RAFTING!
Regulem o saco de vocês para o infinito. No sábado, fui fazer rafting (modalidade esportiva na qual um bando de malucos entram num bote e descem rios cheios de quedas-d'água - as corredeiras) pela primeira vez e voltei cheia de histórias para contar. O começo Acordei às 7h da madrugada de um sábado. Haja disposição. A aventura começou dentro do carro, a caminho de Três Rios, local onde iríamos fazer o rafting. O motorista era João Cara-de-Pau, namorado da Minnie Nome Triplo, e o rapaz tinha um pé pesado que só vendo. Raras eram as vezes em que o cara não estava a 140km/h.
Chegamos vivos. Pensei que, depois daquela viagem, encarava qualquer corredeira. O medo, porém, voltou quando a tiazinha que nos vendeu o pacote do passeio começou a comentar sobre alguns acidentes que aconteciam dentro do bote, porque as pessoas não seguiam as normas de segurança. "E se eu não souber seguir as instruções? Então esse povo não sabe que eu tenho problemas mentais e motores?".
Capacetes e coletes salva-vidas colocados, entramos no bote. Os "rafters" ficam sentados nas bordas do bote, e não dentro do bote.
- Tenho certeza de que alguém vai cair, não é possível!
Nosso guia, o também bombeiro Motta (que, aliás, adorava contar os casos de pessoas que ele já tirou de dentro do rio), contestou:
- Nãaao. Você vai ver que logo pega estabilidade.
A queda
Porra nenhuma. Na primeira corredeira, aconteceu o que eu temia desde o início: logo eu, que era a mais medrosa de todas, fui arremessada contra uma pedra, que era o que eu mais temia. Não tive a menor chance. Fiquei um tempo parada em cima da pedra sem saber o que fazer, para desespero dos que não tinham caído, que acharam logo que eu estava presa ou muito machucada. Mas logo agarrei a mão estendida do santo Motta, e, enquanto todos me perguntavam "machucou, machucou?", subi de novo no bote. - Sei lá se machuquei! Acho que não, mas não dizem que quando a gente sofre um acidente na hora não sente nada? Mas não tinha mesmo machucado. A mão e o braço firam um pouco arranhados, bati com as costas, mas o tal do equipamento de segurança me salvou de alguma coisa pior.
E seguimos viagem. Tínhamos chão, ou melhor, água, pela frente - eram 3h30 de passeio, 22km a percorrer.
Gente chata
Tinha o chato do bote. Sempre tem um chato. O chato do bote era um sujeito que não entendeu que nós, os remadores, não controlávamos a direção do barco, e sim o Motta, que ficava lá atrás, funcionando como leme e nos dizendo o que fazer. Ele é que virava o bote para a esquerda, direita e não deixava o bicho virar. Nós éramos só os motores. Mas o chato perguntava o tempo todo: - Agora é pra esquerda? Pra onde vamos, direita? E, a cada vez que ele perguntava, alguém tentava explicar de novo pra ele que ele não tinha que se preocupar com isso. Naturalmente, não adiantou, porque ele era um chato em estado puro. Um chato cheio de boas intenções. Pagou os pecados dele quando caiu do bote no meio de um redemoinho. O sujeito caiu e sumiu. Ficou todo mundo preocupado porque o cara não reaparecia e a esposa dele começou a chorar, coitada. Dali a um minuto, ele surgiu em um local completamente diferente, levado pela correnteza. Estava bem. Podia ao menos ter ficado traumatizado e parar de ficar dizendo: "esquerda, direita". Mas não. Eu continuei a ouvir a voz desse cara até quando fui dormir à noite. A esposa dele, aliás, também tinha um quê de mala. Esta pagou os pecados quando o Motta, que tratava todo mundo por você, desatou a chamá-la de senhora. Era senhora pra cá, senhora pra lá... A mulher amarrou uma tromba indisfarçada.
E de resto, tudo bem
Tirando estas três quedas, passamos o resto do percurso sem maiores incidentes que alguns encalhes de vez em quando. Aprendemos a nos segurar e, nas corredeiras, as pessoas largavam automaticamente os remos e se agarravam nas cordas ou se jogavam dentro do bote, apesar dos gritos insistentes de "remem" do pobre Motta, que tentava fazer de um bando de medrosos um grupo esportivo. Ainda assim, como as corredeiras não são a maior parte do percurso, saí de lá toda dolorida e acabada de tanto remar. De sábado para domingo, dormi quase 12 horas seguidas.
Saber ou não saber nadar
Sinceramente, acho que não faz a menor diferença. Entramos três vezes no rio. Na primeira, não tinha correnteza, então, até dava pra arriscar algumas braçadas (afundar, nem pensar, por conta do colete salva-vidas). Na segunda vez, eu fui, toda pimpona, crente que aquele rio não era nada e tive que me agarrar no bote pra não ir embora. Na terceira vez, eu já conhecia a correnteza e sabia que não dava pra lutar contra ela. Então, nadar não significa muita coisa. A não ser coragem para entrar no rio, o que é obrigatório - a temperatura da água é um sonho! Agora, subir no bote de volta é uma das operações mais ridículas e complicadas que já vi.
A comida
O pacote, que custou 60 reais por pessoa, incluía café da manhã, transporte para o local do embarque, o rafting (lógico) e o almoço na volta. O café da manhã foi só um quebra-galho, o almoço, um pouco melhor. Mas a comida, definitivamente, não é o forte do passeio.
O cão Tobby
Nem preciso dizer que achei um cãozinho pra brincar na volta. Na verdade, ele me achou. Era um filhote de alguma coisa que parecia um basset hound, de 5 meses. Veio correndo na minha direção e eu não larguei mais.
As marcas
Em casa, procurando no corpo os arranhões, o machucado na mão e nos braços e vendo se eu não tinha mais nada pra mostrar pras pessoas, é que eu compreendi que o Motta quis dizer quando contou que a melhor descida dele foi em 99 - quando quebrou um braço e uma perna. O ser humano é um bicho estranho.
As referências
Recomendo o passeio, mas aviso que dá medo e que há risco real de se machucar. Por mais seguro que eles dizem que é, tem perigo sim, senhor! Quem quiser ir assim mesmo, procure a
Aventur Pode me chamar que eu quero ir de novo. Di novooo, como já diria BabySauro.