sexta-feira, maio 09, 2003
O peixinho, com sua coloração dourada como ouro, tinha uma resistência impressionante. Ele havia sido retirado do aquário, mas não tinha morrido. Ela pensava, com pena, que àquela altura, meia hora depois de ter sido posto para fora da água, ele só poderia estar morto. Mas não, o bichinho ainda vivia. Um bicho estranho, não havia dúvida. Ela o devolveu ao aquário e olhou enternecida o peixinho como que ressuscitar e nadar feliz.
Mas ela precisava deslocar-se de novo com o peixe e, para isso, precisaria tirá-lo do aquário. Seria um risco, sem dúvida, mas ela sentia uma certa confiança por já haver feito isso uma vez, sem nenhuma esperança de sobrevivência para o peixe – e ele acabou resistindo. Assim, ela retirou o bicho da água.
Imediatamente, seus olhos saltaram das órbitas, e ela como que pôde ouvir o último suspiro do peixe, um lamento... Ele parecia dizer: “Não... de novo, não... Dessa vez, eu não vou lutar.”
Ela soube, então, que ele tinha morrido. Olhou para ele e não foi o peixe que viu, e sim a imagem de sua cadela, morta. Desesperou-se. Jogou o bicho no aquário novamente e gritou: “Nada! Nada como você nadou agora há pouco!”, mas sabia que seu gritos e lágrimas seriam em vão. Teria que carregar para sempre aquela culpa. De forma fácil demais e até leviana, ela havia acreditado na sobrevivência daquele peixe e deixado de considerar que ele poderia, sim, morrer, que esta era a hipótese racionalmente mais provável. Mas ela havia preferido crer em um duplo milagre. E agora queria o peixinho dourado de volta.
Acho que vou comprar um aquário e pôr um Beta dentro. Estou com saudades do Joselito, o peixinho da Comunicação que morreu. E do Joselito Segundo, o outro peixinho da Comunicação que também morreu.
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