Os homens que mais me conhecem por dentro
Ultra-sonografia transvaginal. Pelo nome, quem nunca fez este exame dos infernos já consegue ter um idéia do quanto ele não é agradável.
Menos agradável ainda é fazer este exame com um homem. Eu marco o dia e a hora e fico rezando pra não ser um médico. Fico constrangida. Se for novinho e bonitinho então, pior. Ignoro um velho babão com mais facilidade.
Mas o maior dos constrangimentos mesmo é descobrir que o homem que fez o exame, que me conhece tão bem por dentro, trabalha no mesmo lugar que eu. O sujeito que fez este exame em mim ano retrasado esticou o pescoço pra minha ficha na recepção e comentou, animadamente:
- Ih, eu trabalho lá também! Eu levo o resultado pra você na sua sala.
Uma aproximação horrorosa. Claro, depois disso, passei a encontrar o cara regularmente pelos corredores, cumprimentar, conversar... um sofrimento sem fim.
Este ano, eu tive que fazer o exame novamente. Mudei o local. Novamente, um médico apareceu. Ao menos, não era o meu "amigo". O sujeito era mais discreto, meio caladão e a coisa passou rápido.
Só que hoje... eu lá, no elevador do meu trabalho, indo para a minha salinha... daqui a pouco entra alguém correndo.
Ele, o médico.
Cacete! Todos os médicos que fazem ultra trabalham no mesmo lugar que eu? Me disfarcei de parede de elevador e ele não me viu. Vou ter que andar agora com aqueles óculos de nariz e bigode e um crachá escrito "não sou eu".