FESTA NA ROÇA
O baile lá na roça não foi até o sol raiar, mas foi bem mais divertido que eu imaginava.
O começo de tudo
Quando Papai e Mamãe, ambos joselitos até a última célula epitelial, me convidaram para ir a uma festa julina lá no caixa-prego onde eu nasci, pensei que eles estivessem me chamando para a parada mais social de todos os tempos. Mesmo assim, aceitei ir, até por que eu não tinha nada mais legal para fazer do meu sábado à noite.
Chegamos lá muito cedo, umas 19h e blau. Olhei aquela rua enfeitada com bandeirolas coloridas, aquela fogueira enorme no meio da rua, uma faixa escrito "Arraiá da Amizade" e tive certeza: seria realmente uma parada social.
Cachorro
Eu estava errada, graças a São Pedro dos Desocupados. Vi que a coisa não seria totalmente em vão quando tive acesso a dois filhotes, de 3 e 2 meses, de rottweiller e labrador. Lindos! Cachorrinhos me fazem muito feliz! Eram lindas, a Sheeva e a Piná. Me fizeram ressuscitar aquela idéia antiga de ter um canil e passar a minha velhice rodeada de cães. Para quê marido e filhos? Coisa mais fora de moda.
Comida
Depois de brincar com o bichinhos, lavar as mãos (que eu sou uma pessoa muito limpinha), respirei fundo e fui encarar a mesa de guloseimas. Nessa hora, percebi que realmente nada poderia me fazer mais feliz naquele sábado (bom... quase nada). Para encurtar a história, o saldo da noite foi nada mais, nada menos que:
- bolo de aipim doce
- paçoca
- olho de sogra
- cajuzinho
- cuscuz
- maçã do amor
- bom bocado
- queijadinha
- brigadeirão
- cocada
E mais os salgados:
- quibe
- milho
- churrasco
E as bebidas:
- quentão
- cerveja
- malibu (o fim da feira)
Lembram daquela sensação de ter comido um boi? Pois é. O boi dessa vez estava bem gordinho e, quando eu saí de lá, a barriga chegava a doer. O que eu posso fazer se, a cada vez que eu decidia que não podia mais agüentar nada, chegava um convidado com uma iguaria diferente? No fim, as pessoas em volta estavam assustadas e eu ouvi a frase que mais gosto de todas as frases que podem me dizer nessa vida:
"Você não engorda de ruim."
Não é bem verdade, mas eu adoro ouvir.
O chato da festa
Tinha que ter um chato, porque em todo ajuntamento com mais de três pessoas está contido um chato. O chato era o cara que cantou as pedras de um bingo tosco que fizeram lá. Eu morrendo de frio, já jogada no chão, com a barriga inchada de tanto comer, marcando aquela cartela com palito... concentradíssima nos números.. e o sujeito demorava umas 4 semanas e meia entre uma pedra e outra. Anunciava aos berros de minuto em minuto o "prêmio":
- Quem completar a cartela primeiro ganha UMA pirex! UMA pirex, hein? Olha A pirex!
E aquilo ia doendo nos meus ouvidos sensíveis e maltratados por tanta atrocidade que eu ouço.
Graças ao bom Deus, não ganhei nenhum prêmio. Primeiro porque era cada coisa útil... tudo no nível dA pirex. Segundo porque azar no jogo, sorte no amor, né? Se eu ganhasse uma daquelas coisas, isso poderia me custar uns sete anos de má sorte e uma tranqueira entulhada em casa. Pé-de-pato mangalô treiz veiz!
(CONTINUA...)