Após muito debater de mim para comigo mesma, digladiar-me em torno de duas posições contrárias que insistiam em brigar na minha mente, decidi que colocaria esta história aqui, mesmo correndo o risco de que a pessoa em questão leia meu blog. Posso perder o amigo para sempre, mas não posso perder o post.
A viagem
O telefone toca na noite do meu aniversário. Normal, né? São milhares os fãs querendo me cumprimentar nesta data querida. Atendo. Um ex-rolo. Lá vamos nós...
- Oi, Fernanda! Tudo bem?
- Tudo ótimo!
De alguma maneira ele soube que é meu aniversário e está me ligando pra dar os parabéns. Só pode ser.
- O que você está fazendo às nove e meia da noite de uma sexta-feira em casa?
Mostra que não me conhece. Às sextas-feiras, eu estou SEMPRE nove e meia em casa. Já cheguei da faculdade e ainda não saí pra Matriz, na qual só apareço por volta de meia-noite. Claro que não perdi tempo de explicar tudo isso. Queria logo deixar claro que era meu aniversário pra que ele desligasse logo o telefone e tudo se acabasse.
- Ah, é que hoje é meu aniversário, sabe, estou recebendo algumas pessoas.
- Poxa, não fui convidado.
Não, querido. Errado. Quando você sabe que naquele dia é aniversário da pessoa, você fala assim, ó: “parabéns!”.
Eu, muito fina e paciente.
- Só tem algumas pessoas da família.
Uma lady.
- De que signo você é? Escorpião?
Sabe tudo de Astrologia. Escorpião começa no fim de outubro.
- Não. Virgem.
- Ah, mas é quase Escorpião. Por isso você tem várias características de Escorpião.
Vamos falar de Astrologia, então. É noite do meu aniversário, não estou fazendo nada mesmo. Isso porque, quando a gente saía, eu comentei com ele que era de Virgem, de 19 de setembro, e ele disse que eu era quase Libra (na época acertou) e que eu tinha muitas características de Libra. E olha que isso faz só pouco mais de um mês.
Mas então... depois disso ele manda a bomba.
- Quer viajar amanhã?
!
Excuse me? Viajar? Como assim, Bial? Se eu nao estou aceitando nem convite seu pra um chopp na esquina, como acha que eu vou VIAJAR com você?
- Não.
- Não???
- É, não estou a fim, não.
Tu tu tu...
Eu precisava dizer algo pra preencher o vazio.
- Pra onde você vai?
- Uns amigos me chamaram pra um sítio em Cachoeiro do Macacu.
Caraca! Cachoeiro do Macacu? Tá falando sério? Se ainda fosse Angra, num resort...
- Ah, sim.
Após alguns minutos e outras palavras trocadas, ele volta:
- Mas e aí, vai ou não?
Ué...
- Não. Eu já não disse que não?
- Pô. Mas é não mesmo?
Estamos andando em círculos.
- É...
- Assim, tão rápido?
- Estou querendo adiantar o seu lado pra você arrumar outra companhia.
Sou muito legal.
- Eu não quero arrumar outra companhia. Queria que você fosse comigo.
Ô, dó. E nisso toda a minha família me esperando na sala.
Já que não ensinaram pra ele que em aniversário não se aluga alguém muito tempo no telefone, a não ser que ela seja uma pessoa sem amigos (o que não é o meu caso), eu tive que terminar a conversa.
- Bom, então deixa eu ir lá que meus convidados estão me esperando.
Ao menos, descobri o autor do torpedo “saudades” do outro dia. Que se estiver lendo isso agora vai me tacar pedras portuguesas em uma próxima oportunidade.
Pia. Nunca disse pra ninguém que eu era politicamente correta. Por que as pessoas insistem? Fora que, se ele lê meu blog e não sabia que era meu aniversário, não está assim prestando muita atenção.