Bichinhos nojentos
Uma amiga me contou que estava sentindo umas cólicas e foi aconselhada a tomar remédio pra verme. Fiquei curiosíssima, nunca conheci ninguém assim que tivesse vermes. Com um interesse praticamente científico, perguntei:
- E aí, eram vermes mesmo?
- Eram. Ascaris lumbricoides, lombriga!
Medo.
- E como você sabe? Elas saíram, anh... nas fezes?
- Saíram. Mortas, mas saíram.
Estado de choque.
Tempos depois, eu reajo, delicadamente, devagar, como que acordando de um longo sono:
- QUE NOJO!!!
- É, Fernanda... Qualquer um pode ter verme. Você não aprendeu isso na escola?
- Mas não era só pobre que tinha isso?
- Não. Qualquer um que coma alface na rua. Você come? Então, pode ter. Se eu fosse você, tomava remédio profilaticamente.
O papo estava ficando ruim de repente. Ainda por cima, uma joselita que estava por perto logo começou a abanar o rabinho, que quando o assunto é doença todos logo acham de participar:
- Tem que tomar remédio pra isso uma vez por ano!
A essa altura eu já estava até considerando a hipótese. Mas havia uma questão.
- Tá, mas... e se eu tiver uma solitária? Solitária é grande. Sai também?
- Sai, mas nesse caso tem que tomar cuidado porque pode sair por cima. Solitária é um bicho muito perigoso.
Estou passando mal.
Eu não vou tomar nada! Veja bem se eu, uma mulher chique, de terninho, tão bonitinha, vou ter verme? Não há a menor possibilidade.