No escuro
Chego feliz e saltitante na casa de Pentel. Um frio do cão. O porteiro demora pra atender. Finalmente, ele vem. Eu informo:
- Oi, vou para o 404.
Ele me olha por alguns longos segundos, em silêncio. Finalmente, diz:
- Estamos sem luz.
...
- É mesmo?
- É. Está tudo escuro. Não tem elevador.
E continua parado na minha frente, sem se mover. Acho que ele espera que eu diga: "Está sem luz? Ah, então vou voltar, deixa ver se meu táxi ainda está aí."
Mas não, né? Eu digo:
- Ah, tá. E eu posso, assim, subir pelas escadas?
- Pode.
E continua parado. Achei que ele fosse me dizer mesmo pra ir embora. Afinal, o que eu ia fazer na casa da minha irmã se não tinha luz, não é verdade?
- Anh... e onde ficam as escadas, por favor?
Ele finalmente se mexe e começa a me mostrar o caminho. Eu tento puxar um assunto pra falar, além de estar realmente preocupada com isso:
- A escada fica escura?
- Não, tem luz de emergência.
Porra, então qual é o problema, amigo?
Esses porqueiros vieram todos de outro planeta.