O setter da Mel
Mel passa o Rodo tem um cachorro enorme, o Príncipe, um setter irlandês lindo e grande. Bem grande. O adorável bichinho ficou sem nome por um tempo. Explica-se: ele foi achado na rua pelo pai da Mel. O ex-dono, um sujeito sem coração, largou o cachorro, de raça, na rua. Largou. Em vez de dar pra alguém, levar até a SUIPA, até tentar vender, sei lá, o cara literalmente jogou o bicho fora.
Pai de Mel, condoído, recolheu o cachorro. De alguma forma que eu nunca entendi bem, eles descobriram o antigo dono e foram checar como se chamava o setter. Foram supreendidos com uma alcunha ridícula: "TUZÃO".
Diante de tal bizarrice, eles resolveram rebatizar o cachorro e aí começou o problema. Ninguém se decidia por um nome, até que um dia eu fui lá, chamei de Príncipe e ficou por isso mesmo. Não é criativo, mas é a cara dele.
A mãe de Mel nunca conseguiu se entender com o nome do bicho. Como ele passou muito tempo sem nenhum, ela acostumou-se a não chamá-lo de nada. E isso não foi problema até o dia em que ela estava passeando com ele na rua e um grupo de meninas, encantadas com a beleza do animal, foi fazer festa nele. E uma delas perguntou o nome.
Situação difícil, hein, Mister M? Como a mãe de Mel poderia dizer que não sabia o nome do próprio cachorro? Iam pensar que ela era louca, interditá-la e levar o bicho por segurança. Então ela, sem pensar muito, disse o primeiro nome que lhe veio à cabeça:
- CHICÃO.
Dias depois, ela estava distraída andando na rua com o Tuzão, quer dizer, o Chicão, quer dizer, o Príncipe, quando passou em frente a uma igreja e ouviu um monte de gente gritar:
- Ahh! Olha ali o Chicão, o Chicão! Ele é lindo, olha ele!
Ela olhou em volta intrigada, pensando quem diabos seria o Chicão. "Será que é algum padre?".
O bicho vai acabar tendo que ir pra um psicólogo de cães, por crise de identidade.