Papai Joselito sensível
Meu pai, quase um pescador parrudo, adora dar pinta na praia pra tirar o sono dos pobres peixes cedo. Cedo é cedo mesmo, não é sete horas da manhã, pícaros. É seis, cinco... se tiver escuro ainda, melhor. Mas enfim, papai, depois de dias de pescaria em Massambaba, saiu cedo, catou uns 10 tatuís na praia, e levou pra casa pra fazer de isca algumas horas depois. Quando chegou em casa, Mamãe estava esperando por ele, na pior dos humores, dizendo que queria vir embora pro Rio. Não queria mais brincar daquele negócio de sol, mar, verão todos os dias.
Ele me contou isso e finalizou com um singelo trecho:
- Dali a pouco, eu estava com tudo arrumado pra viajar e esbarrei com o pote com os tatuís que eu tinha pego na praia. Eu tive que voltar lá.
- Lá onde, Papai?
- Na praia. Pra jogar os tatuís de volta na água.
Não acredito.
- Eu já mato tantos... mas estes não tinham por que morrer.
E assim algumas famílias de tatuís tiveram seus pais e mães de volta.