Mistureba
Estava eu assistindo o jogo do Vascão (que, naquela hora, perdia para o Bangu e jogava maaal pra dedéu à beça), ni qui toca o meu celular.
Era Toda Fashion, minha amiga célebre.
- Fernanda, tem uma coisa blogável para contar.
A moça chique, linda, loira e japonesa, moradora do Leblão, estava em frente ao Marina tomando seu banho de sol. Ela podia ficar nas cadeiras do hotel porque conhece alguém de lá, mas os meninos de rua que chegaram depois dela... bom, acho que eles não ligam muito pra exclusividade. Foram se chegando pra perto dela, se chegando... o filtro solar dela caiu no chão e uma das meninas já ia catando na mão grande, quando Toda falou:
- Ó, não pega isso aqui não... é da tia.
Frustrada a tentativa de adquirir um filtro solar, a menina resolveu dar um mergulho. E pediu:
- Tia, guarda as minhas latas enquanto eu vou na água?
O que ela iria dizer?
- Vai lá, vai na fé.
Daqui a pouco vem outro:
- Toma conta do meu chinelo, que é mais importante.
Então lá ficou ela, uma celebridade, uma pessoa que sai em todos os jornais, praticamente a Maria Clara Diniz, cercada por latas de cerveja e refrigerante, muitas latas, e pelo chinelo do menino de rua. Quase um estudo antropológico de como as classes sociais se misturam no Rio de Janeiro. Eu perguntei:
- Eles voltaram para pegar as coisas, pelo menos?
Ao que ela esclareceu:
- Não, ainda estão lá, na água.
!
- Quer dizer que estou falando com você no meio desse momento importante da sua vida? Na hora em que essa coisa bizarra está acontecendo?
- É!
Estou emocionada. E essa coisa de blog está saindo do controle: as pessoas me ligam pra alimentar o meu vício.