O POST DO PIERCING
Pré-piercing
E eis que sábado passado eu decidi: iria fazer um piercing. E, desde então, eu tive que esperar uma LONGA semana até que eu pudesse finalmente fazer. Sete dias em que eu corria o risco de mudar de idéia. Tratei de contar logo a novidade à Pentel e à amiga dela, que combinou de ir comigo, fazer um, inclusive. Tratei também de contactar Desenho Japonês, minha estagiária cuja irmã havia feito o piercing e jurava por tudo que era mais sagrado, treis veiz, que não doía. Eu até falei no telefone com ela pra tentar ficar mais segura.
A hora da verdade
O bonde do piercing apresentou-se na Helio Tattoo, em Copacabana. Micão. Éramos nada mais nada menos que sete pessoas: eu, Pentel (que foi assistir), Desenho Japonês (que foi me dar uma força e, quem sabe, fazer uma tatuagem), Gêmea de Desenho Japonês (Desenho Japonês tem um clone), Quase Top Model (amiga da minha irmã que fez um piercing também), o marido dela (com uma cara de dar pena) e Toda Fashion, minha amiga quase famosa que está onde o povo está.
Quase Top Model fez o olhar mais apavorado que já vi até hoje quando Desenho Japonês disse que fez o piercing dela há muito tempo, “quando anestesia não era proibida”. Quase Top, que só estava ali, assim como eu, por causa do conto do spray anestésico, se não fosse tão fina teria berrado, mas apenas disse, surpresa:
- Proibida? Como assim, não pode mais?
Explicamos a ela que antes era anestesia mesmo, com injeção e tudo, mas que agora não pode mais porque teria que ter acompanhamento médico. Quase Top respirou (quase) aliviada.
***
Depois de três horas e meia pra escolher que brinco eu ia colocar, eu estava em pânico! Mas, dali, não poderia desistir. Confiei no tal do spray anestésico e fui.
Spray anestésico de c* é rola! Ou, como diria Roberta, é a chapeleta da minha piroca! O processo dói, sim. Não é uma coisa horrorosa e eu imagino que em outros locais do corpo doa mais, mais doeu, pênis! Ao menos, é rápido. Quando saí, Quase Top Model, que seria a próxima, me olhou com uma expressão esperançosa:
- E aí???
Ela esperava ouvir:
- Ahhhhhh, tranqüilo, nem dói, vai na fé!
Mas ouviu:
- Olha. Não é insuportável, mas dói. Minha pressão, inclusive, baixou.
Joselita, eu? A moça fez uma cara de pavor que me partiu o coração. Depois tentei dizer mil vezes que não era assim tão horrível, que eu faria de novo... Quando ela levantou, alguém disse:
- Coragem, Quase Top! Você teve um filho, pode fazer um piercing.
Lembrei:
- É, e eu já tomei injeção no olho.
Então está tudo certo. Bizarrices unidas jamais serão vencidas.
Pós-piercing
Meus pais só souberam do processo quando não havia mais nada a fazer. Mamãe, a mais Joselita das criaturas, disparou:
- Você cuida bem desse troço porque eu soube de uma menina que passou vários dias internada em um hospital por causa de um piercing.
Ou seja, ela praticamente acha que a minha orelha vai cair e que, depois, eu vou morrer. Não me espanto se ela comprar um pretinho básico novo por esses dias.
Meu pai limitou-se a torcer o nariz e perguntar quanto tempo levava para cicatrizar. Quando eu disse que era uns cinco meses, ele apenas disse:
- Bem feito.
Ana Pôla, que acabou de fazer uma tatuagem disse, quando eu comentei com ela pelo telefone o que tinha feito, que nunca faria um piercing:
- Porque piercing dá problema. Não adianta pensar que não vai dar, porque sempre dá. Inflama, aquilo fica meses te incomodando.
Tu tu tu... Joooo-se-li-ta! Eu estou cercada de Joselitos! E depois vocês se perguntam por que eu sou assim! E olha que eu sou legal, eu nem disse a ela que tatuagem é pra vida toda, que tem que ficar um tempão sem pegar sol, que a cicatrização também é lenta, que eu também nunca faria... Até porque ela ia me jogar um cadáver de rato. Bom, eu também não liguei muuuito pro que me disseram. Porque eu estou feliz, feliz, feliz, que nem um pintinho no lixão. Sei que vai inflamar, vai doer, vai ser um saco pra cuidar, mas agora está feito e está lindo. Pior se tivesse ficado um buchão.