O sem loção de hoje
O elevador do meu trabalho rende várias histórias bizarras. Cada subida nele é um flash. Hoje, entraram várias pessoas até que o elevador lotou e começou a apitar. Geralmente, a coisa não chega nesse ponto, porque o povo tem medo do apito e pára de entrar bem antes de dar sobrecarga (quando, aliás, ainda cabem umas três ou quatro pessoas no elevador). Eu já fiz alguns posts singelos sobre essa mania idiota. Mas, enfim, hoje aconteceu: o troço apitou. Os últimos que entraram deveriam sair, mas provavelmente não sabiam disso, eram visitantes. Depois de uns 30 segundos todo mundo parado, o elevador apitando, as pessoas começam a falar entredentes:
- Sobrecarga... tem que sair um...
O de sempre.
Saiu um homem, o último que tinha entrado, mas mandou a sua senhora ficar e subir. Só que o elevador não parou de apitar: a mulher do cara também tinha que sair pro bendito elevador se mexer. Mas ela não saía. E a gente lá parado, e não tinha nem um serviço de bordo com umas mariolas pra gente se distrair. Mas tudo bem, ninguém está com pressa de chegar no trabalho mesmo. E então, eis que entra em cena o sem loção do elevador:
- Acho que é a criança que está dando a sobrecarga.
Parêntese importante: no meio do populacho que se esmigalhava uns contra os outros no elevador, tinha uma mãe com uma criança, que não tinha por que sair, já que não tinha entrado por último. Muito menos era uma criança de 3 anos que fazia diferença no peso. Era só uma piada amarela do cara.
O sujeito continuou a fazer a sua piada sem graça, enquanto o elevador apitava freneticamente e a mulher (a que deveria sair, não a mãe) não saía:
- Acho que esta criança está pesando.
E aí a pobre mãe, coitada, mega humilde, achou que o cara estivesse falando sério e SAIU DO ELEVADOR. Eu fiquei chocada. O troço subiu antes que qualquer um pudesse reagir. Suave Veneno, mesmo sendo um anjo mau da melhor qualidade, não agüentou e soltou:
- Joselito!
O mundo é sem loção.