Ratos mortos e uma reunião
Hoje de tarde eu teria uma reunião. Estava de má vontade, porque odeio reuniões. Mesmo sabendo que era um mal necessário, já na noite anterior estava de mau humor por causa disso. Pra completar, na hora do almoço soube que tinha que preparar uma solenidade pra segunda-feira e automaticamente me atolei de trabalho. Isso quase arruinou o sagrado momento da torta de queijo de quinta, mas, graças a Deus, consegui meia hora.
Praguejei milhões contra o compromisso que eu teria de tarde. Sei que é uma falha minha, mas não consigo estar em dois lugares ao mesmo tempo: reunida e planejando cerimonial. Aquilo iria me atrapalhar.
Mas, como era inevitável, me organizei o melhor possível para que o tempo que passasse na reunião não me perturbasse tanto. Quando deu 15h, o horário marcado do troço, me liga o cara que estava agendado:
- Oi, Fernanda. Olha, eu sei que a gente marcou às três, mas vou ter que me atrasar.
Como assim?
- Ah, é? - blasè.
Fogos! Vou poder adiantar o evento de segunda!
- É. O pneu do meu carro furou no meio da Ponte Rio Niterói.
Um lugar bom pra se ter um pneu furado. A brisa da Baía de Guanabara ameniza o calor de 40 graus. Com sorte, a pessoa ainda joga pão pros peixinhos.
- Como estou com um carro emprestado, quando fui trocar, tive uma surpresa: o estepe também estava furado.
Cagalho, vai ter azar assim lá na...
- Agora estou aqui, na Avenida Brasil, procurando um borracheiro. Acho que vou demorar um pouco.
E aí então a reunião foi cancelada.
Quase chego a ter medo de mim mesma.