O taxista sem loção
A CoopaTaxi tinha que mandar um motorista de táxi sem loção, porque eu não poderia sair assim sexta-feira sem passar por um perrenguinho logo de saída. O sujeito era um velhinho de cara estranha. O carro dele também era velhinho de cara estranha. Como meus leitores já devem ter notado, eu só ando de Audi e aí estranhei.
O sujeito começou reclamando de tudo. Reclamou da chuva que tinha caído à tarde. Das atendentes da cooperativa: "elas são nossas empregadas e nos tratam como se fossem patroas. Tem que ver como falam com a gente bla bla bla bl...". De trabalhar sexta-feira, "porque só tem maluco na rua, corro o risco de bater com o carro e ficar aleijado" (!). E eu lá, com cara de paisagem.
Até que ele fez um comentário do tipo "pra rua que você vai é melhor eu seguir a rua tal e dobrar a outra tal...". Eu odeio motorista de táxi que faz isso, porque quem tem a obrigação de saber andar de carro pelas ruas do Rio de Janeiro é ele, e não eu, que não dirijo. O cara no máximo tem que perguntar se eu prefiro algum caminho, se não, tem que calar a boca e me levar onde eu quero. Enfim. Ele perguntou isso e eu disse:
- Olha, moço, eu não tenho noção de onde fica essa rua.
E o cara:
- Você vai pra um lugar que não sabe onde é?
QUE ÓDIO! O sujeito está me prestando um serviço, não tem que ficar me questionando, pênis! Fora que, sim, eu vou a um lugar que eu não sei onde é. Será que eu sou a única que faz isso? Sou tão estranha assim?
- É, eu nunca fui lá, logo, não sei onde é.
Minha paciência já estava pelo bico do corvo. Mas teve pior: quando a gente chegou, o cara perguntou:
- Você sabe ver o preço na tabela?
Explica-se: a tarifa de táxi foi reajustada, mas alguns taxímetros ainda não foram alterados e os caras estão usando uma tabela de correspondência de preços.
- Não. O senhor não sabe?
Ao que o INDOLENTE respondeu:
- Se eu não soubesse, não poderia trabalhar. Perguntei porque eu enxergo mal, se a senhora visse pra mim, eu não precisaria pegar os óculos. Mas tudo bem eu pego os meus óculos...
O cara era praticamente o Jaiminho dos táxis, o tempo todo tentando evitar a fadiga. Eu vou te contar, esses caras abusam. A gente deixa o camelo colocar a cabeça pra dentro da tenda, o camelo monta. Não pode deixar, não.