O post do bloco
Nada acontece. É uma noite comum, volto de um happy hour com o povo do trabalho. Como que escutando eu reclamando de que nada acontece, que a minha vida está muito calma, Alah faz um dos meus dentinhos esburacados por dentistas cruéis começar a doer, do nada. Achei esquisito algo que não estava doendo nada de repente começar a doer à beça. Chego em casa, vou passar a fita dental e zá, pulula um bloco do meu dente. Soltinho, soltinho, o infeliz. E eu fico com aquela cratera na boca. Uma cena patética.
Como eu sou uma pessoa adulta, sei que nessas horas a gente tem que manter a calma. Por isso, me atirei em cima de Mamãe Joselita:
- Manheeeee... meu bloco caiu, o que eu faço???
E ela veio com uma solução que eu jamais teria pensado:
- Vai no dentista.
As mães são mesmo sábias. Como eu não tinha o telefone da casa do meu dentista, lá fui eu numa “clínica de emergência”. Lá, todos foram muito gentis e amáveis comigo, mas, além de me fazer sofrer HORRORES pra colocar o bloco no lugar (a seco, sem anestesia), ainda me disseram que eu tinha que fazer um canalzinho que ia me custar quase mil reais, que tinha uma cárie por debaixo do bloco... só notícia legal.
Claro que não dei muito ouvidos e procurei o meu dentista mesmo, o velhinho picão, aquele que só pensa em extrair meus sisos. Ele apenas balançou a cabeça e disse:
- Que canal o quê, Fernanda. Você só precisa trocar esse bloco, que está velho. Foi por isso que ele caiu.
- Mas... mas... eles disseram que era canal... que tinha cárie!
Tola.
E acabou assim: tive que tomar agulhada, ele recolocou provisoriamente o bloco antigo (que os carniceiros da outra clínica tinham deixado mal colocado), mas não vai me fazer tratamento de canal à toa.
Esse povo tinha que ser processado, ou pelo menos tinha que cair um milhão de dentes mortos e cariados no colo de cada um.