O post do dedão
Como diria o boca de sapo do
Andreh, quando a gente fala que nada acontece, acaba que alguma coisa acontece. O problema é que nem sempre são coisinhas fofinhas e adoráveis.
Hoje eu subi no ônibus e sentei em um banco de velhinhos. É, sim. Não passei a roleta porque estava cheio, tinha aquele lugar lá na frente e ninguém usando. Isso é meio contra a minha religião, mas meu humor não estava lá essas Kopenhagens pra eu viajar em pé em ônibus com ar condicionado (20 centavos mais caro!).
Grande erro, não deveria ter sentado naquele lugar amaldiçoado. No curto espaço de tempo em que fiquei ali, nenhum velhinho, estudante ou deficiente precisou sentar, mas, ainda assim, alguma alma penada dos ferrados passados que já sentaram ali me jogou uma praga. Então, quando levantei pra saltar, segurando pasta, blazer e dinheiro, tudo junto ao mesmo tempo agora, me desequilibrei. O motorista, delicado como a minha pele e como só os motoristas de ônibus sabem ser, deve ter dado alguma freada, algum solavanco, sei lá. Não sei direito porque foi tudo meio rápido. Na hora só vi a minha pasta voar metros adiante (minha pastinha preciosa, com meu lindo Código Penal dentro! Quase enfartei) e as pessoas me olhando com umas caras horríveis. É, porque se eu perdi o equilíbrio e deixei tudo cair a culpa deve ter sido minha, mané, que não soube me segurar. Ô gente ruim. Eu não sou assim.
Enfim, depois que me recuperei dos olhares de calangos mortos das pessoas em volta e um gentil cavalheiro (também me olhando feio) pegou a minha pasta pra mim, fui passar a roleta e descer, sentindo uma ligeira dor no pé, que de acordo com os milésimos de segundos aumentava consideravelmente. Quando olhei pra ver que demônios estava acontecendo, meu dedão era uma sangueira só, de dar gosto.
Que animado. Me atrasei pro evento pra passar na Enfermagem e eles fazerem uma gambiarra no meu pé. Claro que minha pressão baixou, porque minha pressão baixa até vendo transfusão de sangue pela televisão – e, nessa hora, sempre tem alguém pra me olhar como se eu fosse a pessoa mais fresca do mundo. Como se eu tivesse culpa, cacetinos!
Machucar-se indo pro trabalho é acidente de trabalho. Acho que eu tinha que ir na Biometria e pegar uma licença de uns 3 meses e meio, emendar com as minhas férias e só voltar a trabalhar em agosto, junto com Suave Veneno, que em breve estará parindo.