SAMPA, A CONTINUAÇÃO
Não, pessoas, eu não vou falar mal de São Paulo. Eu adoro São Paulo. Esclarecido isso...
Sem loção no aeroporto
Por que as pessoas ficam em pé na fila de embarque antes da tiazinha chamar? Quando anunciaram no alto-falante e eu me levantei da cadeira onde estava confortavelmente sentada, já tinha um monte de sem loção há um tempão criando craca na fila. Pra quê, Bial, se o lugar é marcado? As pessoas têm uma compulsão por ficar em pé, por fila... como ouvi recentemente, suburbano adora uma fila mesmo!
Aliás, falando em aeroporto, não tinha um gatinho lá. Que desgraça, vó! Cadê as celebridades que deveriam estar pegando a mesma ponte aérea que eu, por algum motivo obscuro?
No avião
Sempre que sento em avião meu cérebro entende que deve se lembrar de todos aqueles filmes de acidentes aéreos que eu adoro. Fico olhando as pessoas a minha volta e pensando no que todas elas fizeram naquela manhã, sem saber que aquele seria o último dia de suas vidas, pois o avião ia cair. E também que, dali a minutos, eu poderia estar flutuando carbonizada e sem vida no oceano ao lado de todos eles. Uma coisa bem legal pra se pensar antes do levantar vôo. Espero que o comandante também não pense isso.
O tiozinho de olhos verdes bonitos sentado ao meu lado comentava com o tiozinho sentado ao lado dele o tempo todo “seja o que Deus quiser”, “entrega na mão de Deus”, “segura na mão do Senhor e vai” e coisas do gênero. Sagaz, eu supus que ele estava com medo. Eu mesma me espanto com a minha inteligência privilegiada. QI 120, que nem o da Madonna.
Lá pelo meio do vôo, nuvem vai, nuvem vem, ele volta aqueles olhos de bola de gude pra mim e pergunta:
- Você não tem medo, não, né?
Eu realmente devo ter cara de Hello Kitty, porque as pessoas insistem em falar comigo. Quanto ao medo, bem, depois de pensar em todos aqueles filmes, eu tinha um pouco, mas não passo atestado. Morro, mas morro com classe.
- Eu, medo? Não, nenhum.
Aí o cara me contou toda a história triste da vida dele, que ele sempre fica tenso quando entra em avião, que prefere carro e blá blá blá. Quando aterrissamos em SP, ele comentou:
- Nossa... agora é como se tivessem tirado um peso de mim. Você não tem idéia do alívio.
Eu penso um pouco e pergunto:
- Você é do Rio?
E ele:
- Sim, sou de Petrópolis.
E eu, sem noção, disparei:
- Então você ainda terá que voltar.
Jooooooooselita. Filha de Papai Joselito não nega suas origens.
O motorista português
O motorista do táxi que eu peguei era um português bonzinho e conversadoiro. Ainda bem, porque, pelo menos, ele não me roubou. Prédio vai, prédio vem, lá pelas tantas, ele perguntou:
- Você está vindo da onde?
- Do Rio.
Pausa.
- Mas você não é carioca, é?
- Sou... por que, não tenho sotaque?
Eu tenho tanto sotaque que se eu usasse um crachá não ia parecer mais carioca do que já pareço pelo meu modo de falar.
- Não... porque você é muito simpática.
Ah, sim, a velha rivalidade. Até o portuga incorporou isso.
Quanto a eu ser simpática, tá, essa parte eu já entendi, devo ser mesmo. Vamos pular pro próximo tópico. Amanhã eu conto mais.
(CONTINUA...)