A loja de geléias
Está decidido: se tudo mais der errado, eu largo tudo e abro uma lojinha de geléias em Petrópolis. Vou passar o dia entre potinhos coloridos e saborosos. Meu trabalho vai ser atender as pessoas que chegam querendo uma coisa simples: geléia. Se elas quiserem qualquer outro produto, se começarem a complicar, poderei dizer, sem medo, que elas devem ir embora e procurar outro estabelecimento, já que no meu eu só vendo geléias. Está lá no letreiro “loja de geléias”. Não tem mel. Não tem lata de tinta. Só tem geléia.
Não vou correr o risco de alguém perguntar algo que eu não sei. O cliente vai entrar na minha loja e dizer: “oi, quero um pote daquela geléia, quanto custa?” E eu vou responder: “Cinco reais”. Aí, ele vai tirar uma nota maldita de 20 reais do bolso, mas, como eu serei uma pacata e dócil vendedora de geléias, sorrirei, e darei o troco de 15 reais pra ele. E pronto, irá embora mais um cliente satisfeito, levando seu pote de geléia. Ah, como é boa a sensação do dever cumprido! No fim do dia, eu fecharei o caixa, e perceberei que só vendi 20 reais, e tive uns 8 reais de lucro. Ainda assim, irei embora feliz, porque estarei rumando para a minha casinha com uma cerquinha branca e um porco no quintal.
Pensando bem, posso fazer isso mesmo se tudo mais der certo. Talvez seja mais legal que ser sapateira ou abrir a “Você Limpa e eu Dou o Brilho Inc” com Suave Veneno, que eram as minhas outras opções.