Outro mundo
O papo do café da manhã era o sonho de Mamãe Joselita. Ela sempre acorda de mau humor, mas hoje a coisa estava tremendamente pior porque ela tinha tido um pesadelo. E Mamãe Joselita tem raiva quando tem pesadelo. Eu não. Adoro pesadelo, porque aí acordo aliviada.
Ela contava o sonho mau:
- Eu estava indo trabalhar –
Mamãe Joselita é aposentada. O pesadelo já começa aí. – Não conseguia encontrar o caminho pro trabalho e várias coisas me impediam de chegar. Aí, descobri que essas coisas estavam gerando multas e eu tinha perdido vários pontos na carteira. E a minha dívida era de 500 mil.
(!). Aí, eu chamei você, mor.
Ela disse, virando-se para Papai Joselito, que retrucou, com um suspiro.
- É, pintou dinheiro na jogada lembra logo de mim, né, coração?
Que meigo. Mamãe continua contando:
- E aí, eu continuava tentando ir pro trabalho... então eu virei uma curva... e de repente estava em outro mundo! As pessoas eram horríveis, tinham nariz de porco –
dessa parte eu gostei -, as mulheres todas usavam frente única –
deve estar fora de moda pra parecer tão horrível pra ela – e ninguém me dizia como eu fazia para sair daquele mundo estranho. Então, alguém me deu atenção e eu perguntei: “por favor, que outro mundo é esse? Onde estou?” Ao que a nariz de porco me respondeu: “Jacarepaguá”.
Faz algum sentido.