A manga do mal
Nem toda freira do hospital onde eu faço fisioterapia é boazinha. Em um dia longínquo patrasmente da minha vida, eu e Pentel, meninas ainda, quase duas crianças inocentes, voltávamos do hospital. Lá é bonito, tem uma ladeira toda arborizada, bucólica, onde os pássaros cantam e as freiras convivem pacificamente, uma coisa assim muito bonita e verde. Andando por ali, distraídas, de repente cai uma manga de cima de uma árvore quase na cabeça de uma de nós. Ploft! Como ainda não sabíamos da existência do Exterminador, aquele que caça as barangas, não ficamos muito preocupadas com o risco que havíamos acabado de correr. Ao contrário, Pentel ficou feliz, porque A-MA manga, assim como a Magali A-MA melancias.
Automaticamente, Pentel passou a mão na manga e disse:
- Oba, uma manga!
E então, nessa hora, surge diretamente do chão, que nem o caveira, uma freira vinda não sei da onde, e arranca a manga da mão da pobre Pentel adolescente:
- LARGAESSAMANGA. ESSAMANGANÃOÉPRAVOCÊ. ÉDASFREIRAS.
Pentel deixou cair a fruta, com medo de ser transformada imediatamente em uma estátua de sal. Uma estátua de sal herege.
Tudo por causa de uma manga. Se ainda fosse um empadão de queijo que tivesse caído do céu. Ou um pacote de Tostitas, sei lá.