Comidinhas da família Joselita
Um dia eu cheguei em casa e Mamãe Joselita veio me receber toda animada. Disse que tinha feito uma receita nova, light e que eu tinha que comer. Ficou rodopiando em volta de mim até que eu fosse à geladeira e visse o tal prato. Era um negócio que parecia um pudim. Até bonito, porque ela fez com uma forma. Mas com uma cor esquisita.
- O que é isso, mãe?
- É gelatina.
Ah. Gelatina. Bom, eu ia ter que comer, mas imaginei que não fosse tão ruim. Gelatina. Inofensivo. Ela mesma colocou uma pedaço no meu prato.
- Veja, veja como está gostoso.
- É de quê?
- Come, come... depois eu te digo.
Dei uma colherada.
- Não é uma delícia? – ela disse, os olhos vidrados, olhando pra mim.
Era uma coisa salgada. Salgada. Com um gosto inexplicável.
- Mãe... isso é gelatina de quê, pelo amor de Deus?
E ela, com um meio sorriso.
- De ATUM. He he he
!
- De atum, mãe? Você fez uma gelatina de ATUM e me deu para experimentar? Por que você não me disse que era de atum???
- Porque senão você não ia querer comer...
- Mas você gostou mesmo desse treco?
- Não!
Inacre. Isso porque eu cresci ouvindo ela dizer que nenhuma mãe quando o filho pede pão, dá uma serpente. E porque ela já me enganou uma outra vez com uma gelatina, que era roxinha e eu pensei que fosse algo como framboesa ou uva e era de beterraba.