Pequenas alegrias do dia-a-dia
Andava eu pela rua em direção à tosa do trimestre ni que eu vejo a cena. Duas mulheres caminhavam na mesma direção que eu. Na direção contrária, vinham dois manés. Os manés olharam pras garotas com aquele jeito abestalhado de que iam soltar a qualquer momento aquelas piadas do tipo "pelo amor de Deus", "não sabia que boneca andava", "isso tudo aí é seu", "de onde veio isso tem muito mais", "sai que é sua, Tafarel", "em rio que tem piranha jacaré nada de costas" e coisas amarelas assim.
Olhei com todo o desprezo que me é peculiar. Dei uma vasculhada rápida na minha bolsa e achei um cadáver de rato putrefado que estava perdido lá um tempo, que eu reservava justamente para uma emergência como essa.
É provável que tenha sido o bicho morto. Um dos sujeitos deu um tropeção tão sério que por pouco não caiu com a fuça no chão. O cara xingou qualquer coisa. Deve ter machucado o pé, coitadinho. Será que sangrou, vai gangrenar e cair? Pena que não vinha uma bicicleta pra completar o quadro. Eles mereciam muito mais a bicicleta exterminadora que eu naquele dia. Até porque ali eu nem tinha nada pra olhar.