Tragédias
Não agüento mais ouvir falar do sujeito que morreu no Aconcágua. Não consigo achar isso uma grande tragédia. Tá, é uma tragédia pra família do cara, porque ele era querido pelos parentes e tal. A perda de um ente querido é sempre dolorosa. Agora, convenhamos que o sujeito se meteu láaa no monte gelado porque quis. Ninguém botou arma na cabeça dele e disse: “sobe o Acancaga aí, prayboy, senão leva um pipoco no meio da testa”. É lógico que a aventura no pico mais alto das Américas tinha um risco. Ele aceitou esse risco, a natureza venceu e ele már-reu. Fim. The end. Vamos ouvir outras notícias.
Eu sei que eu sou um monstro e não sou parâmetro, mas eu acho isso e pronto. É que nem piloto de Fórmula 1 quando morre. A gente fica triste, aquela coisa toda, mas a profissão do sujeito era de risco e ele escolheu aquilo porque quis. Tragédia é estar andando tranqüilamente na rua e ser derrubado por uma onda gigante. Ou levar uma bala perdida esperando um ônibus pra Saquarema. Morrer no Aconcágua é chatão, mas já deu de ouvir falar nisso.