Santa Fernanda Desde que eu vi Constantine, sigo firme no propósito de não mais ir para o inferno. Afinal, por mais que seja entediante passar a eternidade a tocar harpa, pelo menos não vou ficar queimando com aquela gente feia e suplicante. Eu, hein. O inferno deve ser algo como a sala de espera do INSS. E, como eu já quebrei o pé e tive que tirar licença, acreditem, sei o que é isso. Então, melhor dar um jeito de ser admitida pelo moço de barba lá no Paraíso.
Sei que não vai ser fácil, mas Ele vem mandando umas tarefas para eu cumprir. Sexta, ajudei uma VELHINHA a atravessar a rua. Boa ação mais clichê do que essa, impossível. Ela me agradeceu tanto, me desejou tantas felicidades... Que suas palavras sejam ouvidas, anciã, e que, antes de ir pro Céu, eu possa ganhar um namorado com a cara do Gael Garcia Bernal.
Hoje, a coisa complicou. Ajudei uma velhinha E uma CEGA a atravessarem a rua. E num cruzamento que é perigoso até pra mim, que não sou tão velha e nem tão cega. Mais bônus com o criador.
Se bem que, segundo o raciocínio do filme, essas boas ações têm que incluir algum sacrifício da minha parte. E nada disso me custou lada. Agora, depois de relatadas aqui, as ações me custaram alguns arranhões na minha reputação. Talvez isso conte.