Meu amigo, o brindeDesde que eu comecei a trabalhar com eventos descobri o fascínio que os brindes causam nas pessoas. Qualquer tipo de coisa de graça gera uma espécie de encantamento. Pode ser um chaveiro, uma maçã, um pin, uma mariola. Se for camiseta, então, a situação é caótica. As pessoas ficam como loucas, se jogam no chão, tremem, babam, até ameaçam prostrar-se na sua frente e não sair para todo o sempre a não ser que você dê aquele pedaço de pano barato que dali a dois meses vai virar pano de chão. Mas foi de graça. E as pessoas gooostam que se enroooscam todas.
Não posso dizer que sou diferente. Claro que dão, Jamelão. Outro dia, no Fashion Rio, estava eu blasè, entre as modelos magrelas, as bichas lindas que passavam, os estandes badaladíssimos aos quais eu não tinha acesso... nada disso me abalou. Até que eu vi. Bolsinhas laranja fosforescentes. Lindas. Muitas, sendo distribuídas. Desejei muito aquelas bolsas. Estava muito precisada do que quer que fosse aquilo. Passei pertinho das tiazinhas distribuindo, como quem não queria nada, mas não ganhei. Com mil moscas tsé tsé mortas!
Controlei com todas as forças do meu ser o ímpeto de ir até lá e implorar por aquela bolsinha linda, misteriosa, colorida e reluzente. Não o fiz porque me lembrei dos eventos que eu mesma faço e de como eu odeio esses pedintes dos infernos. Se não me deram, era porque era só para a imprensa, ou pras primeiras fileiras, ou pras celebridades, ah, sei lá. O que importava era me convencer a não pedir. Mas eu queria pelo menos saber o que demônios tinha na tal bolsinha.
Quando acabou o desfile, eu e Pentel encontramos os pais de TodaFashion que, como pais da estilista, ganharam a bolsinha fantástica. Pedimos pra ver o que tinha dentro e tinha um lenço bordado, superbonito, e um eye-relax (aquelas coisas pra colocar nos olhos pra relaxar). Fiquei 50% triste, porque o eye relax eu já tenho, mas o lenço não tenho. Pentel também adorou o lenço.
Quando estávamos saindo, passamos por um cara que tinha um monte de bolsinhas. Pentel, que não tem trauma de pedintes de eventos, precipitou-se para o sujeito e disse:
- Não tem uma bolsinha dessas sobrando, não?
O cara, todo simpático, com a maior boa vontade do mundo todo, disse:
- Sobrando não, mas eu arrumo pra vocês.
Então eu finalmente pude pôr minhas patas de unhas prateadas na mágica bolsinha! Um momento sublime de adoração ao BRINDE! Abrimos a bolsa e imediatamente Pentel deu pela falta do lenço bonito.
- Moço, e aquele lenço? Acabou?
- Aquele lenço não era nosso brinde...
Aí entendemos que os pais de TodaFashion deviam ter recebido o lenço em outro lugar e colocado dentro da bolsa.
O cara, com um ar de frustração, de quem tinha passado de herói a nada em 3 segundos:
- Sei que não era bem o que vocês queriam, mas...
Ohhhhhhh, dó! Se eu tivesse um coração, ele teria se partido nessa hora!
Mas o eye relax me foi muito útil. Serve pra eu impregnar Papai Joselito com o cheiro de linhaça que a coisa tem e ele odeia.