Coisas de patasAnteontem fui fazer as patas e do meu lado tinha uma mulher fazendo as dela também. Até uma pessoa simpática, coitada. Mas aí ela achou de contar que tinha feito uma mousse de bacalhau e que a mousse tinha ficado ótima e que todos tinham gostado e blá blá blá Whiscas Sache. Não satisfeita com o silêncio sepulcral que estabeleceu-se no salão (e silêncio em salão de beleza é um evento raríssimo, que só acontece de 76 em 76 anos junto com a passagem do cometa Halley e com as boas fases do meu time), ela resolveu continuar a falar. Deve ter pensado "quem cala, consente". Sei lá. O caso é que ela resolveu CONTAR COMO SE FAZIA a tal mousse e começou a dar a receita, ali, na hora:
- Você pega o bacalhau, cebolinha, sbrublles, esguenuis flow, erva de sei lá o que...
Comecei a pensar em como aquela conversa poderia ficar ainda mais entediante pra mim. Vejam: eu só uso fogão pra fazer miojo, se eu fosse dona de casa, só ia comer congelado, miojo e salsicha. E a mulher falando do meu lado sobre como fazer uma mousse de bacalhau. Se ela estivesse falando sobre um jogo de futebol americano ia estar mais interessante.
De repente, como que por milagre, o assunto mudou. Alguém entrou e começou a falar de doença. Graças a Deus! Lá pelas tantas, perguntaram um remédio bom pra gastrite e a minha manicure, que é uma companheira no lançamento de bichos mortos, disse, com cara de sem saco:
- Chumbinho.
Sensacional. Àquela altura, eu já estava quase pedindo um pouco pra mim também.
E quando o papo de doença acabou, a mulher da culinária respirou e continuou:
- E então você pega aquela massa de bacalhau e...
O meu chumbinho! Cadê?