Contos da Pentel adolescentePentel hoje em dia é uma pessoa finíssima que a vida trata bem. Mas já foi uma pícara sonhadora adolescente, que morava na roça, pisava descalça na grama, tinha bicho de pé e usava aquele cabelo pavoroso com franjinha anos 80. Como eu nessa época era quase apenas um anjinho, me abstenho de dizer que eu estava do lado dela compartilhando todas essas características (menos o bicho de pé, que eu tive a sorte de não ter). Isso é um detalhe minúsculo e irrelevante.
Voltando ao assunto, essa figura extrema que é minha irmã certa vez comprou uma calça jeans desbotada na Mesbla. Sei que os mais novos não terão registro em seus cérebros (novíssimos e cheios de neurônios vorazes primos muito mais novos de Bruno e Marrone) do que é Mesbla ou jeans desbotado, mas fato é que ela comprou uma calça jeans desbotada na Mesbla. E chegou em casa toda toda, admirando a calça, experimentando novamente, sonhando com o momento em que faria exposição da própria figura com a calça ... até colocando a nova peça de roupa na cama pra dormir abraçada com ela de tanto amor que pegou.
Porém, naquela mesma noite, Pentel adolescente e o resto da Família Joselita via o novelão das oito (que na época ainda passava às oito mesmo, que nove horas era hora de dormir), ni qui começa uma propaganda na televisão. Aparece uma loira bonitona, segurando uma calça jeans clara bem parecida com a que Pentel havia acabado de adquirir com tanto amor no coração. A moça na TV olha para a calça e diz:
- Vejam esta calça... jeans desbotado... uma coisa, né? Olhem só como cai bem!
E tuf! Taca a calça no lixo! A garota começa então a explicar que aquele tipo de calça não estava mais com nada, que não ia mais usar, que era over, horroroso, péssimo, joguem fora rápido, por favor.
Pobre Pentel. Como se destroem sonhos. Depois cresce implicando com o vestido de Creuza da irmã e perguntam o porquê.