O post da agulhadaBranquim é foda! Além de passar a vida sendo apelidado do macarrão de hospital, vela, urso polar, algodão e outras coisas nada elogiosas, ainda por cima tem umas ziquiziras na pele. Ô, raça!
Fui ao dermatologista semana passada por bobeira. Assim, porque eu não estava fazendo nada e resolvi fazer uma visita pra ele. De quebra, aproveitaria pra perguntar se eu poderia fazer algum tratamento preventivo pra rugas. Ah, é isso mesmo. Depois que eu estiver toda enrugada nada que não seja a faca vai adiantar muito, então é melhor começar logo.
Depois da cara de ponto de interrogação que ele fez, o dotô resolveu finalmente liberar a mixaria e me passou uma receita com ácido retinóico. Quase no fim da consulta, ele perguntou:
- E aquele sinal que você tinha no peito? Sumiu, né?
(Miniflashback: há dois ou três anos, eu fui nele pra ver as minhas espinhas - que, graças a Deus e a ele, sumiram - e demonstrei preocupação por um sinal estranho que tinha aparecido em mim, que aumentava e diminuía de tamanho, sangrava, melhorava, mas depois voltava de novo... aquelas coisas que vêm juntas e a gente sabe que são perigosas. Na época, ele olhou e disse que não era nada.)
- Não sumiu, não. Continua aqui e se comporta do mesmo jeito.
Aí o sujeito olha, olha, examina com o dermatoscópio, e, como se não fosse nada, diz:
- Pode ser um câncer de pele.
Que legal! A primeira reação que tive foi pensar: "Ele está brincando. Daqui a pouco, vai dizer: Fernanda, isso não é nada, pelo amor de Deus!". Mas nem era brincadeira. O câncer de pele é o mais incidente na população brasileira e, na esmagadora maioria dos casos, não mata ninguém, é só tirar pra não piorar e pronto. Eu sei disso muito bem. Mas ouvir essa palavrinha mágica de um médico é fogo. Fico imaginando o que é ouvir isso quando a coisa é séria mesmo.
Como só se sabe se é ou não câncer fazendo biópsia, e pra fazer biópsia tem que tirar um pedaço, é melhor arrancar logo tudo. Simples assim. Mas claro que não tão simples. Eu sou medrosa, uma pessoa que tem medo. Odeio injeção, acho que vai doer e pra mim dói mesmo. Claaaaro que tem coisa pior, mas não é nada agradável. Passei o dia anterior à microcirurgia tensa e fazendo piada. Qualquer coisa que reclamavam comigo eu dizia:
- Ah, é? E eu amanhã vou tomar uma agulhada no peito e levar pontos. Ha, ganhei.
A coisa em si foi exatamente como eu esperava, nem melhor, nem pior. A anestesia me incomodou como qualquer injeção me incomodaria. A retirada do sinal foi rápida e não doeu absolutamente nada. O mais engraçado foi eu achando que depois da aplicação da anestesia tinha que esperar um tempo pra fazer efeito, que nem anestesia de dente, e levando o maior susto quando a médica, imediatamente depois da aplicação, saiu metendo a faca.
- Ei! Já fez efeito, não vou sentir dor?
- Já, se você sentir alguma coisa, fala.
Gah! Mas se eu sentir e falar, já era, porque já terei sentido a dor. Meda!
Eu sou uma hipocondríaca contumaz, daquelas que, quando aparece a novíssima febre chinesa, que só dá em ursos pandas, lê os sintomas e acha que está sentindo tudo aquilo e está muito doente. Mas eu odeio médico. Odeio exame. Porque sempre que você examina descobre uma merda.