O post da ROUBADASegunda-feira, estava eu largada no sofá, vendo TV, descansando minhas olheiras e meus macaquinhos do sótão, ni qui toca o telefone. O telefone fixo, não o celular. E toda vez que toca o telefone fixo aqui em casa é uma celeuma: ninguém atende. Minha mãe porque ignora. Meu pai porque, sei lá por que cargas d´água, acha que eu tenho que atender. E eu porque sei que nunca é pra mim, já que meus amigos me ligam pra celular. E, como eu desejo estar calada, não quero falar com ninguém que não esteja me ligando.
Meu pai, que sempre perde a briga e acaba atendendo, veio me dizer que era pra mim. Rapidamente, escaneei minha mente em busca do mala que poderia estar interrompendo meu sagrado descanso em frente à televisão. Cheguei à conclusão de um nome e, já pensando no que ia dizer, atendi.
- Alô.
- Alô, Fernanda?
- Eu. - Nunca tinha ouvido aquela voz. E não era telemarketing, porque não me chamou de Dona Fernanda.
- Quem está falando é um amigo da sua tia. Ela me deu seu telefone.
Medo. A minha tia a que ele estava se referindo é aquela tia maluca, doida, que é doidaralhaça de verdade, pra valer seriamente. Aquela que veio aqui outro dia, abriu a caixa de remédio fechada da minha mãe e pegou um comprimido. Essa.
Resumindo a história: ela reencontrou o sujeito num forró. Ele tinha namorado uma amiga da minha prima, mas eles terminaram e o cara estava meio deprê. Aí, ela achou de dar o meu telefone pra ele. Minha tia é doida MESMO! Liguei pra ela pra entender a história e ela disse que ele era lindo, ótima pessoa, lindo, tinha 29 anos, lindo.
O cara disse que ia estar no Rio (ele mora em outra cidade) no dia seguinte e que, se eu quisesse marcar algo, pra ligar pra ele.
E o pior é que eu liguei.
Liguei. Tinha a maior cara de roubada, mas eu liguei. Como eu ia poder viver o resto da minha existência sem saber se o cara era tchutchuco mesmo ou não? Eu já estava cheia das bolhas da curiosidade! Então marquei de ir tomar um chopp depois do expediente. E, às 19h, lá estava eu a caminho do meu primeiro blind date desde 1995. A última vez que me arrisquei assim foi na época em que as pessoas se conheciam pela internet e marcavam encontro antes de trocar fotos. Mais ou menos há uns 255 anos. Pior de tudo é que ontem eu estava um caco, mas um caco pintado, em cima de uma sandália de salto que eu sou um caco muito elegante. Fui pensando no belíssimo post que isso iria render.
Chegando lá, me deparo com um sujeito até bonito, mas não lindo. Sentei, tomei dois chopps e vim embora pra casa, me perguntando até que ponto a curiosidade pode levar um ser humano e quanto tempo a minha pobre tia tresloucada vai levar pra desistir de arrumar um namorado pra mim.