SÃO PAULO EXPRESSOHoje fiz uma pequena viagem relâmpago. Fui até São Paulo fazer um curso. Chique no úrtimo, né? Parece até coisa de executiva. Ha, pícaros sonhadores. Mas executivo não tem que acordar 5 horas da madrugada pra viajar porque o vôo mais barato era o de 6h50. Pobre é foda! Na próxima encarnação, vou ter um jatinho só meu.
FantasmagóricoAlém de acordar nesse horário desumano, ainda cheguei lá cedo e tive que ficar sentada, criando raiz nos pés e limo no resto do corpo, esperando o curso começar. Quando passei pela recepção do prédio, fui recebida pelo primeiro porteiro fantasma da minha vida. A placa dizia "identifique-se na recepção", mas, àquela hora, nem às moscas o lugar estava, porque as moscas estavam dormindo em suas mini camas fofas. Então fui entrando, até que uma voz do Além bradou:
- A senhora está indo para a Aberje?
Olhei para um lado, para o outro, para cima, para baixo, e não vi ninguém. Apesar de quando eu era pequena as empregadas me assustarem dizendo que quando alma do outro mundo chama a gente não responde, eu assumi o risco e disse:
- Sim...
E a Voz:
- Décimo segundo andar.
Sobrenatural.
Coisas estranhasO porteiro do limbo não foi a única estranheza que eu vi em São Paulo. Tem coisas que você só vê lá mesmo, tipo, um outdoor escrito: "aprendar a criar avestruz". Fiquei lendo o resto do texto procurando onde estava a piadinha, mas não encontrei, porque era sério: tratava-se REALMENTE de um outdoor incentivando a criação de avestruz. Como assim?
De resto, passei um dia divertidíssimo tendo aula com um baiano engraçado. Quando ele citou que nas empresas 25% do público é composto pela chamada gente
dumal ou
pig spirit, eu não pude conter a gargalhada. Eu tinha acabado de aprender o termo que ele usa pros pélas sem loção que pélam a minha vida. Foi emocionante.
TáxiNa volta, peguei um táxi com um motorista dublê de analista político. O cara até que não falava bobagem, não. Desenvolveu uma teoria bastante interessante sobre quem deveria julgar os políticos corruptos. No meio da explanação, eu pensei: "estou cansada. Ia ser engraçado se eu dormisse". E então, como que por encanto... EU DORMI MESMO! O homem falava, falava... Fechei os olhos só pra descansá-los e acabei sonhando com um e-mail que um funcionário do RH estava me mandando. Hã! Acordei tão assustada que acho que vou pro curso de lisinha amanhã virada.
AeroportoO saguão do aeroporto em São Paulo sexta-feira às sete da noite é a visão do portal do inferno. Toda a turba desvairada e enlouquecida só pensa em uma coisa: sair da cidade! E aí você vê de tudo. De gente tomando chopp antes da viagem (ainda bem que avião não tem - e nem pode - que parar no meio do caminho pras pessoas fazerem xixi), passando por um louca na fila perguntando se não tinha uma fila menorzinha pelo-amor-de-Deus-deixa-eu-ir-também-praquela-que-não-tem-que-despachar-bagagem-mesmo-eu-tendo-esses-trinta-quilos-de-malas-e-sendo-eu-mesma-uma-mala, até a mulher da TAM me dando às 19h10 um bilhete de embarque às 18h59 sem me avisar que o vôo estava atrasado e me fazendo correr por todo o aeroporto até descobrir. Um dia eu morro disso, tenho certeza.