LetrasPapai Joselito outro dia irrompeu no meu quarto sacudindo um papel. Quando levantei os olhos, ele declarou:
- Estou confuso.
- Confuso com o quê, Papai?
- Com essa carta da síndica. Não consigo entender.
A síndica é aquela letrada que escreve "não puxe à porta". Se ela consegue cometer um erro em uma frase de quatro palavras, imagina as atrocidades que não comete em toda uma carta, com tantas letrinhas. Chega a ser divertido.
Papai continua:
- Olha aqui. Ela escreveu "pôr medida de segurança". "Pôr"! Com acento circunflexo.
A mulher tem mania de acento...
- Até aí, nem me espanto. Mas tem mais. Olha isso aqui.
Estava escrito na carta:
"No dia 17/9 o professor de dança fará uma aula inaugural para os condôminos (de grátis)."
Não! De grátis, não, tia! "De grátis" é aquele negócio que as pessoas falam brincando, mas que nem deviam falar, sabe, porque pode suscitar um erro desses. Porque um dia podem falar sem querer. Por muitos motivos. E o pior é que ela nem estava brincando na carta. Não estava. Um documento de três páginas sisudas não ia ter uma brincadeira no meio. Ainda mais sem aspas. Era sério mesmo! Eu tenho medo, cara. Juro.
Para coroar a história:
- Olha aqui, Fernanda. Ela escreveu um "pensamento" no final:
"EM MEIO ÀS MAIORES EXIGÊNCIAS DE SERVIÇO, É POSSÍVEL FALAR COM SERENIDADE E COMPREENSÃO, AINDA MESMO POR UM SIMPLES MINUTO".
...
...
- Papai... Não faz sentido.
- É um "pensamento" mesmo! Porque eu estou pensando até agora e não consegui entender.
Pensem vocês também.