Samba erradoOntem era véspera de feriado e eu, em vez de seguir meu coração e ficar em casa, embaixo de um edredon, vendo televisão e comendo pipoca, não... resolvi ir pra um sambão no Liso Voador. Tudo pra dar errado. Samba. Liso Voador. Não tinha comprado ingressos antecipadamente. Um frio cortante. Mas eu achei de ir pra não ficar em casa com macaquinhos rondando a minha cabeça vazia.
Saí de casa correndo porque Kátia Lisa me ligou dizendo que já tinha chegado lá e eu ainda estava conversando no MSN. Discuti com a atendente do ponto de táxi, que disse que tinha táxi no ponto e, quando eu desci, o táxi não estava na minha porta. Ela MENTIU PRA MIM. Fiquei magoadíssima e cortei relações.
Cheguei lá e corri pela rua molhada de chuva. Cheia da lama suja da Lapa. Quando encontrei Kátia, não havia sinal da fila pra comprar ingresso andar. Duas horas depois, eu em cólicas, do lado de fora, tentava não pensar na minha cama quentinha que, lá da minha casa, gritava meu nome. E eu conseguia escutar. Juro por Deus.
Enfim, conseguimos entrar. Horror. Pânico. Visão do inferno. O lugar lotado, e de uma gente mal educada, que empurrava as pessoas pra passar. Enfrentamos mais uma fila pra ir no banheiro. Uma mulher lá dentro gritava com uma voz esganiçada que PRECISAAAAVA de um gloss, se alguma AMIIIIGA não poderia emprestar um gloss, por favorrrrr, não é possível que nenhuma amiiiiga não tenha gloss. Saí da casinha, passei meu gloss e fui embora, deixando a mulher com cara de tacho. Ela não é minha amiga. E eu sou limpinha a ponto de não dividir uma coisa que passo na minha boca com estranhas (não divido mesmo). É por essas e outras que eu não tenho amigos.
Lá pelas tantas, começa a chover torrencialmente. Caíam cães, gatos, cachorros. Só não chovia homem porque, afinal, estávamos no Liso Voador e ninguém se dá bem no Liso Voador. Só se levar de casa. A chuva fez o que estava ruim ficar pior: todos que estava lá fora se acotovelaram lá dentro. Aiê.
Quatro horas minha paciência se esgotou e fui tomada por um mau humor infinito, arrasador, pior que o Katrina. Irrompi pra fora do Liso, enfrentando a intempérie, tentando abstrair que estava com frio, molhada, de sandália patinando na imundície. Achei um táxi bondoso que me esperava e um sujeito ainda queria que eu desistisse daquele pra ir pro táxi que ele estava me recomendando. Tá. Nem que ele fosse bonito eu ia andar mais um passo pra alcançar o carro que ele queria.
Só não foi de todo ruim porque Beth Carvalho deu canja e cantou "Vou festejar". Graças a Deus.