O SHOW DA DÉCADA - Pearl Jam em 4/12/2005A pergunta que eu mais ouvi hoje foi: "como foi o show???". Pudera. Eu espalhei para todos os cantos do universo que eu ia ao show da minha vida, que espero há quase 15 anos por isso, que a hora finalmente tinha chegado. Ou seja: pra uma presidente de fã clube só faltavam as espinhas, uma camisa da banda e dez quilos a mais.
Com medo do perrengue, marquei de chegar lá por volta de 17h, já que o show começaria às 20h30. Achei o horário razoável. Como tem louco pra tudo nesse mundo, li no jornal que um maluco (literalmente) chegou lá às 7h da manhã. De sexta-feira! Será que o sujeito achou que fosse ser convidado pra subir no palco? Cantar junto com o Eddie Vedder e lhe tascar um beijo na boca? Ou ele só queria ser personagem de matéria? Não saberemos, mas é provável que ele tenha ficado alojado do lado de uma pessoa que chegou às 17h. De domingo. Aliás, atrás: porque essa pessoa que chegou às 17h estava descansada, deu uma banda nele e ficou numa posição melhor. Palhaçada.
Mas nem tanto ao mar, nem tanto à terra. O Pearl Jam ia começar às 20h30, 19h30 tinha o show de abertura e 19h30, 19h40...20h tinha gente chegando. O que essas criaturas acéfalas pensam? Só podem estar indo pra fazer figuração.
Eu, graças ao bom Deus, fui com pessoas tão ou mais frescas que eu que demoraram assim uns 30 segundos no máximo pra decidir subir pra arquibancada. Ficamos tranqüilamente sentados batendo papo esperando o show começar enquanto a pista enchia... enchia... ENCHIA... e se tornava a filial do inferno de Cracatoa. Mesmo a amiga de irmã de Kátia Lisa, que insistiu em ficar com uns amigos na pista, não agüentou e subiu pra arquibancada. Onde estava eu, feito um pachá, vendo todo o palco e com o coraçãozinho batendo forte, forte. Ai, meu colesterol.
Às 19h30 em ponto, chega assustei, começou a apresentação da banda MudHoney. MUD MUD! Mudquem? Nunca tinha ouvido falar, nem ninguém lá tinha ouvido, mas pra mim não fazia diferença eles no palco ou não. Quando comecei a ficar ligeiramente irritada, o sujeito parou de gritar e eu voltei a me concentrar em esperar o Pearl Jam.
E às 20h50... eis que entra Eddie Vedder lindão no palco. Não tenho todos os CDs deles, mas os quatro que tenho, mais um ao vivo, me garantiram ficar emocionada com músicas pouco óbvias, como
Dissident,
Betterman e
Elderly woman behind the counter in a small town. Como qualquer um que estava ali, berrei enloquecidamente com as mais esperadas como
Alive,
Daughter,
Even Flow,
Once,
The Last Kiss e
Jeremy. E quando eles tocaram
Black... fechei os olhos porque não queria que nada me distraísse, nem as luzes do palco. Queria receber a música na alma e lembrar daquilo pra sempre. Foi um momento sublime de adoração.
Saí de lá flutuando, andando a esmo, seguindo o fluxo das quarenta mil pessoas que iam embora extasiadas. Fui pela rua totalmente perdida acompanhando meus amigos sem nem saber pra onde. Até que me vi na Presidente Vargas, me perguntando como ia voltar pra casa se não passava nenhum ônibus e os táxis estavam todos cheios. Finalmente, passou um microônibus que vinha pra minha rua e parou milagrosamente, fora do ponto, no meio da rua. Eu e mais umas 15 pessoas nos jogamos nele, eu inclusive tive que subir com o veículo em movimento. Desci dele, andei sozinha à meia noite do Rio de Janeiro sem encontrar viva alma do ponto até a minha casa. Eu mal conseguia perceber o que estava acontecendo, porque tinha acabado de ver o Pearl Jam tocar e
Black ainda corria nas minhas veias. Ou seja, eu estava praticamente drogada com uma música.
Eu tinha esquecido a sensação de ir a um megashow, de ouvir milhares de vozes cantando a mesma coisa. Se alguém tem o antídoto pra esta euforia que eu estou sentido até agora ... não quero.